A cúpula do PMDB do Senado decidiu agir para desmobilizar, logo no nascedouro, a articulação do senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), de lançar a candidatura do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) à presidência da Casa. A articulação foi revelada pela colunista do jornal O Estado de S. Paulo Dora Kramer, no domingo, 11.

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Os peemedebistas querem manter Ferraço sob o grupo de influência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), candidato à reeleição. Os aliados de Renan consideram que uma candidatura de Ferraço poderia reduzir o “poder de fogo” da bancada – a maior do Senado, com 19 integrantes, seis a mais do que terá o PT – nas negociações com o Palácio do Planalto.

A avaliação de integrantes do PMDB ligados a Renan é a de que o senador capixaba – que apoiou Aécio na eleição presidencial – tem muito mais a ganhar na bancada, caso permaneça aliado ao grupo de apoio ao atual presidente. Nesse sentido, devem assediá-lo com postos de destaque na Casa, como presença na Mesa Diretora ou em comissões de maior relevo.

Ferraço preside atualmente a Comissão de Relações Exteriores do Senado e participa, como titular e suplente, respectivamente, das Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Assuntos Econômicos (CAE), as mais importantes da Casa.

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Os peemedebistas também fazem uma ameaça velada a Ferraço: se sair candidato, numa eleição que eles consideram perdida, poderá ficar isolado na bancada e não ser indicado a qualquer cargo de expressão na Casa, o que prejudicaria as pretensões políticas do senador. A eleição para toda a Mesa ocorre no início de fevereiro.

Ao lançar Ferraço, a intenção de Aécio é manter a tradição do Senado segundo a qual a maior bancada fica com a presidência da Casa, ao mesmo tempo em que tenta eleger um candidato que não seja alinhado automaticamente com o Palácio do Planalto como tem sido Renan na atual gestão.

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Em entrevista ao jornal, o senador capixaba não descartou a candidatura e disse que vai se reunir nesta terça-feira, 13, no Rio com Aécio. Mas Ferraço lembrou que o debate sobre a candidatura ainda “não se estabeleceu” e que não há nomes oficialmente lançados. Os senadores Luiz Henrique (PMDB-SC) e Garibaldi Alves (PMDB-RN) já realizaram algumas sondagens com colegas para saber da aceitação dos seus nome.

Lava Jato

Renan já disse que só falará sobre sucessão no fim do mês. Embora tenha respaldo de parte significativa da bancada, o atual presidente do Senado foi um dos 28 políticos citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo em dezembro.

A tendência é que o Palácio do Planalto apoie a reeleição de Renan para a presidência do Senado desde que, até lá, o peemedebista não seja inviabilizado politicamente por eventuais relações no escândalo investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), admitiu que a estratégia da oposição é ter um candidato competitivo e que o natural é que o nome saia do PMDB. “Nós queremos ter um candidato para ganhar, então não adianta ser um candidato do DEM ou do PSDB. Tem que ser um candidato da base aliada (mas independente do Planalto), para somar votos”, afirmou. (Colaborou Isadora Peron)