Enquanto possíveis aliados começam a articular candidaturas próprias à sucessão estadual do próximo ano, o PMDB garante que está no controle da situação, repetindo a estratégia de 2002, com o lançamento de uma "chapa pura" ao governo. "Se deu certo quando tudo indicava que seria um desastre, vai funcionar muito melhor agora quando só temos indicativos favoráveis", disse ontem o presidente estadual do PMDB, deputado Nereu Moura.
Os peemedebistas acham que a reeleição do governador Roberto Requião não depende de um palanque povoado de aliados na campanha eleitoral do próximo ano. Embora mantenham conversas com o PTB e contatos tenham sido feitos com o PP, antes do abalo provocado pelas denúncias do mensalão que atingiram a bancada do partido, a direção do PMDB avalia que será mais ou menos inevitável que cada partido lance seus candidatos no primeiro turno.
Moura disse que o entendimento é que todos os partidos precisam garantir a sobrevivência política, e disputar eleição faz parte desse processo. Ele cita o caso do PT, que saiu na frente e já está montando sua chapa majoritária. "Se um partido não lança candidato, tende a se desmilingüir. O PT, por exemplo, na nossa ótica vai sofrer um grande desgaste no processo eleitoral por conta de tudo o que está ocorrendo. Então, para eles é fundamental ter uma candidatura ao governo, até para se defender desses ataques que, com certeza, virão", afirmou.
Para depois
Moura acredita que um afastamento dos petistas nesta campanha não traz alívio ou enfraquece o palanque peemedebista. E também não elimina a possibilidade de uma reaproximação num provável segundo turno. "No primeiro turno, cada um puxa a brasa para o seu assado. No segundo, os que se assemelham se unem. Igual ninguém é", disse o dirigente peemedebista.
Em 2002, o PMDB disputou sozinho o primeiro turno com a chapa "pura". Mas, no segundo turno, levou para o seu palanque o PT e o PPS, além de outros partidos menores e até uma parte do PSDB. Em 2006, Moura acredita que pode ocorrer o mesmo movimento, apesar dos confrontos com os petistas e com o PPS, cujos representantes no governo deixaram seus cargos criticando a administração peemedebista.
Sobre uma possível aproximação com o PSDB, hipótese que foi cogitada pelo presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, os peemedebistas não alimentam expectativas. As manifestações são sempre padrão: todo apoio é bem-vindo.
Segunda opção
Outra hipótese que não está mais preocupando o PMDB é uma pré-candidatura do governador Roberto Requião às prévias do partido para concorrer à indicação de candidato à presidência da República. O presidente estadual do partido, Dobrandino da Silva, afirmou que é muito mais provável que o governador mantenha seus planos de reeleição e não entre na disputa peemedebista.
Na segunda-feira, dia 24, quando participou do encontro do partido no Rio de Janeiro, Requião disse ao presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que somente irá se definir em fevereiro, pouco antes das prévias marcadas para o dia 5 de março. Para Dobrandino, mesmo que o governador não dispute a prévia, o PMDB do Paraná estará participando de forma direta na campanha presidencial do partido. Até mesmo se o candidato for o ex-governador carioca Anthony Garotinho.