O deputado federal Hidekazu Takayama poderá escapar da perda do mandato por infidelidade partidária. Ontem, o presidente em exercício do PMDB, deputado estadual Luiz Claudio Romanelli, disse que o partido não irá requerer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a devolução do mandato de Takayama, que deixou a sigla e se filiou ao PSC depois do dia 27 de março deste ano.
Na quinta-feira passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os mandatos pertencem aos partidos e que a regra seria aplicada aos parlamentares que se desfiliaram depois que o TSE se pronunciou sobre a matéria em março, ao responder a uma consulta do DEM.
Romanelli disse que Takayama deixou o PMDB em acordo feito com a direção estadual anterior. O presidente em exercício explicou que o PMDB autorizou a transferência de Takayama para o PSC, que é considerado um partido aliado ao governo do Estado. O PSC fez aliança com o PMDB para as eleições do ano passado. Takayama saiu do PMDB para ingressar no PAM, mas a sigla foi incorporada ao PTB e ele garante que nem chegou a se filiar. O deputado afirmou que quis voltar ao PMDB, mas que a direção estadual concordou que era melhor que se filiasse ao PSC, para expandir as alianças do atual governo.
O destino de Takayama iria ser discutido em reunião da comissão executiva estadual, que estava programada para ontem à noite, em Curitiba, onde não há consenso no partido sobre a conveniência de a direção anistiar o deputado federal. Enquanto Romanelli diz que o PMDB não pode mover ?caça às bruxas? e que deve analisar individualmente todos os casos, o secretário-geral do partido, João Arruda, é favorável a que a direção retome todos os mandatos daqueles que deixaram o partido, incluindo Takayama.
Para Arruda, Takayama não tem identidade com o PMDB. ?O PMDB do Paraná é diferente do resto do país. Nós temos uma linha. O Takayama foi um dos deputados que votaram a favor da venda da Copel. Eu acho que a decisão da Justiça é importante para evitar que as pessoas se filiem a um partido por interesse pessoal?, declarou.
Paciência
Mas o presidente em exercício do PMDB defende uma posição mais cautelosa sobre a decisão do STF. ?Não vamos sair por aí cassando mandatos?, afirmou Romanelli, referindo-se também aos vereadores distribuídos em várias cidades do interior que deixaram o partido depois do prazo estabelecido pelo STF.
Romanelli considerou ?estapafúrdio? o acordo feito pelo ex-presidente do diretório Renato Adur, mas acha que deve ser cumprido. ?Quem fez o acordo tinha legitimidade para isso?, comentou o presidente em exercício.
O 1.º suplente do PMDB, deputado federal Marcelo Almeida, disse ontem que respeitará a decisão do partido. Se Takayama perdesse o mandato, Almeida poderia ser efetivado na vaga que está ocupando no lugar do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.