Plínio Arruda diz que não está tudo bem

O pré-candidato do PSOL à presidência da República, Plínio de Arruda Sampaio, disse ontem, em Curitiba, que, mesmo aos 79 anos de idade, aceitou representar o partido no pleito de outubro para defender o socialismo e “evitar que esse processo eleitoral seja mais uma farsa sobre o povo brasileiro”. Ele esteve na capital paranaense para discutir a estrutura da campanha com os pré-candidatos do PSOL no Estado e garantiu que fará uma campanha de questionamentos.

“Quero tirar da cabeça do povo brasileiro três coisas que a direita está tentando colocar: que está tudo bem, que vai melhorar e que não existe alternativa ao capitalismo. Não acredito em nada disso e é o que vou dizer nesta eleição”, disse. “Vamos mostrar que é fantasiosa a ideia de que a situação do povo melhorou porque eles estão podendo comprar, porque a Casas Bahia está vendendo como nunca. Ele pode comprar, mas seu filho está em uma escola horrorosa, quando precisa da saúde, leva seis meses para ser atendido”, comentou.

Presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), o promotor público aposentado, que atingiu 1% de intenção de votos na pesquisa Vox Populi divulgada semana passada, disse que fará do binômio Reforma Agrária/Educação a plataforma de seu plano de governo. “E isso implicará numa remodelação orçamentária, na suspensão do pagamento da dívida pública e no alongamento dessa dívida. Assim, com os R$ 34 bilhões por ano que o Brasil gasta com a dívida, vamos colocar 6 milhões de famílias na terra”, disse. “E a reforma agrária vai sustentar o desenvolvimento do País: vai evitar as aglomerações nos centros urbanos, vai melhorar a segurança e vai criar um mercado interno, estimulando o crescimento econômico”, disse.

Sampaio, que propõe que qualquer propriedade com mais de 500 hectares, independente de ser produtiva ou não, possa ser desapropriada, disse que sua proposta mais polêmica não é essa. “Não é consenso no partido, mas como ainda não fechamos um programa, eu posso, por enquanto, expor minhas ideias. Defendo a igualdade liberdade e qualidade na educação e, para isso, a educação terá de sair do comércio. Ninguém pode investir em educação para obter lucro. Pois, enquanto houver isso, vai ter escola melhor que outra e o menino rico vai prevalecer sobre o pobre”. A proposta de Plínio Arruda se estende para a saúde. “Vamos socializar a medicina. Ninguém pode ficar rico com a doença do outro”, disse.

Fundador do PT e um dos idealizadores do programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Plínio de Arruda Sampaio classificou como trágicos os oito anos de PT no governo. “Assentou menos famílias que o Fernando Henrique, desmobilizou a massa e desarticulou os movimentos sociais, que hoje estão divididos entre sua origem ideológica e seu compromisso com o governo Lula. Única coisa que fez direitinho foi administrar a economia, mas aí, graças aos economistas”. Plínio disse que, no momento, o PSOL defenderia o voto nulo num eventual segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). “Mas o segundo turno é uma nova eleição, a correlação muda, e, se não estivermos lá, poderemos escolher entre o menos pior”, brincou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna