O Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa, cujo lançamento foi adiado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para evitar problemas com católicos e evangélicos no ano eleitoral, também não agradou a adeptos das religiões afro-brasileiras, que o consideraram decepcionante.

continua após a publicidade

“Você dá concessões de rádio e televisão para os neopentecostais e me dá cesta básica e mapeamento? Eles vão usar o rádio e TV para me atacar, me chamar de demônio. Isso é desigual”, reagiu Ivanir dos Santos, integrante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro.

Para ele, o adiamento do anúncio – relevado ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo – se deu também pela recepção fria que o plano teve dos credos que supostamente seriam beneficiados. “Não queremos um plano que só fale em assistência, queremos um plano que dê poder”, afirmou.

Santos, que teve acesso ao plano e chegou a ser convidado para ir a Brasília participar de seu lançamento, cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a realização de uma reunião da comissão com ministros para discutir a proposta. O encontro, afirmou, foi prometido por Lula aos ativistas em 20 de novembro de 2008, Dia Nacional da Consciência Negra, mas ainda não ocorreu.

continua após a publicidade

“Quero um plano, quero contribuir para um plano, mas um plano para valer”, afirmou ele, reclamando da falta de outras medidas. “Pergunta o que tem no Orçamento da União para implantar a Lei 10.639/203, que ordena o ensino de história da África nas escolas: nada. Quem mais se opõe a isso são os neopentecostais, dizendo que vão ensinar macumba nas escolas”, disse.

No fim da tarde, a comissão lançou nota lamentando o adiamento. “Já que o Estado é laico, nada mais comum e natural que o tratamento dispensado a todas as religiões seja igualitário”, diz o texto, que também cobrou a reunião prometida pelo presidente.

continua após a publicidade