Apesar da decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, de devolver a delação do operador Lúcio Funaro à Procuradoria-Geral da República, o governo já se prepara para enfrentar uma nova crise quando a colaboração for divulgada e tenta se antecipar a uma nova denúncia contra Michel Temer.

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O governo já começou a redistribuir cargos. Afilhados políticos de deputados que votaram contra Temer na primeira acusação apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva, estão sendo demitidos. Iniciadas há duas semanas, as dispensas devem atingir cerca de 150 aliados de “infieis” e beneficiar o Centrão, bloco decisivo para barrar a denúncia na Câmara.

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A delação deve ser usada na segunda denúncia que Janot pretende apresentar contra Temer antes de deixar o cargo, em 17 de setembro. Na segunda-feira, antes de viajar à China, Temer disse a ministros que, com a saída do procurador-geral, “as coisas voltarão ao normal”.

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Para o Planalto, a decisão desta quarta-feira, 30, de Fachin de devolver a delação de Funaro foi uma “prova” de que Janot age de forma precipitada. Embora a defesa de Temer tenha pedido a suspeição de Janot, o governo já esperava a recusa de Fachin. A medida foi uma forma de marcar posição e manter as críticas ao PGR.

Em conversas reservadas, Fachin tem dito que não vai apressar a homologação do acordo. Apesar de ganhar tempo, o Planalto já se prepara para quando a delação de Funaro vier à tona. Preso desde julho de 2016 e conhecido como operador de propinas do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Funaro mandou recados de que não pouparia nenhum cacique do PMDB.

Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), também denunciado por Janot, Temer não tem com o que se preocupar. “Quem tem de pôr 342 votos é a oposição”, disse Jucá, referindo-se aos votos necessários para que a Câmara autorize o prosseguimento da denúncia. Para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), outro alvo da Lava Jato, Temer continuará “sangrando” até 2018.

O deputado Marcos Rogério (DEM-RO) é o preferido do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), para relatar uma eventual segunda denúncia.