O governo já dá a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras como “fato consumado”, mas vai tentar fazer do limão uma limonada: a estratégia é carimbar o PSDB como partido que age de olho em dividendos políticos, sem se importar em causar “instabilidade” à maior estatal do País, mesmo em momento de crise. O tom do contra-ataque, dado no fim de semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao dizer que o PSDB adotou atitude “irresponsável” e “impatriótica”, tem o objetivo de isolar os tucanos e jogá-los contra a opinião pública.
A tática começou a ser alinhavada na sexta-feira, quando Lula – antes de embarcar para viagem de uma semana a Arábia Saudita, China e Turquia – se reuniu no Palácio da Alvorada com os ministros Franklin Martins (Comunicação Social) e José Múcio Monteiro (Relações Institucionais). Ali ficou acertado que o governo faria tudo para abortar a CPI, mas não perderia de vista o foco antitucano. Detalhe: o PSDB do governador de São Paulo, José Serra – pré-candidato à sucessão de Lula -, deverá ser o principal adversário do Planalto na eleição de 2010, provavelmente contra a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).
“Lamento que tenhamos chegado a esse ponto”, disse Múcio. “O motor da nossa economia é a Petrobras e estranhamos essa posição do PSDB de querer atrapalhar o trabalho e os investimentos da maior empresa do Brasil na semana em que ela está assinando um contrato gigantesco com o governo chinês.” Não é à toa que os governistas nunca citam o DEM em seus comentários, embora vários senadores do partido tenham assinado o requerimento da CPI. O Planalto acredita que parlamentares do DEM tentaram respeitar o acordo de líderes firmado na quinta-feira, quando todas as siglas se comprometeram a não instalar a CPI antes de ouvir o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
