A lua de mel do governo federal com sua base de sustentação no Congresso já não existe mais. Depois de passar praticamente o ano inteiro aprovando todos os projetos de seu interesse, aproveitando os altos índices de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo não tem mais controle político sobre seus aliados na Câmara e Senado e registra, com preocupação, o início de recuperação do discurso oposicionista.
Nos últimos dias, o governo viu senadores do PMDB, seu principal partido aliado, comandarem uma insurreição contra a medida provisória 446, que anistia as entidades filantrópicas, e sua devolução ao Executivo – um desafio que não ocorria desde 1989. Assistiu ainda o senador petista Paulo Paim (RS) liderar o movimento de aprovação do projeto de lei 58, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que prevê a recomposição do valor de aposentadorias e pensões da Previdência Social, num período de cinco anos.
O Palácio do Planalto também enfrenta enormes dificuldades para administrar o processo de sucessão para as presidências da Câmara e do Senado, especialmente na relação entre PMDB e PT. Essa fratura da base é provocada por uma mistura de componentes. A crise financeira internacional enfraqueceu a economia do governo, justamente um dos pontos que garantiam seu prestígio e tiravam os argumentos da oposição no debate político. Ao mesmo tempo, o mau resultado eleitoral do PT nas grandes capitais acendeu o sinal de alerta entre os aliados e espalhou pelo Congresso um ar de incerteza em relação ao xadrez político de 2010. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.