O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, de 63 anos, dividirá cela com dois presos, um deles condenado por envolvimento em assassinato e no escândalo dos “Anões do Orçamento” e o outro por estupro.
Extraditado da Itália, ele foi recebido às 10h de ontem (23) na Penitenciária da Papuda, em Brasília, e logo foi recolhido na ala B do Centro de Detenção Provisória, a chamada “ala dos vulneráveis”, destinada a presos idosos, célebres e mais sujeitos a violência. “Se Elvis (Presley) fosse preso, o detento que o matasse ficaria famoso”, justificou o secretário de Justiça e Cidadania do Distrito Federal, José Carlos Souto.
Um dos companheiros de cela de Pizzolato será o economista José Carlos Alves dos Santos, ex-chefe da Assessoria de Orçamento do Senado. Ele foi condenado por envolvimento no escândalo dos “Anões do Orçamento”, que veio à tona em 1993. O esquema envolvia desvio de recursos de emendas parlamentares para entidades ligadas a congressistas, além de pagamento de propina para destinar verba a obras de grandes empreiteiras.
José Carlos, apontado como um dos integrantes da quadrilha, delatou o caso na época, o que motivou a abertura da CPI dos Anões do Orçamento. Ele também foi condenado a 20 anos de prisão por mandar matar a mulher, Ana Elizabeth Lofrano, em 1992. Na mesma cela, está Elton Antônio dos Santos, condenado por estupro e violência contra a mulher.
Rotina
Pizzolato foi recebido pela direção da Papuda e por integrantes da Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal. Ao chegar, aparentava tranquilidade e se disse cansado, justificando que não conseguiu dormir bem no voo para o Brasil. Ele explicou que gosta bastante de ler e escrever, e perguntou se haveria uma mesa para isso – na cela, há uma, feita de plástico.
O ex-diretor procurou ainda saber se a rotina da cadeia brasileira seria semelhante à da Itália, onde passava as manhãs fora da cela, das 8h às 11h, e fazia cursos. Foi informado de que o banho de sol é de duas horas diárias, à tarde, e de que há a possibilidade de estudos à distância.
O ex-diretor também poderá trabalhar na cadeia para reduzir a pena de 12 anos e sete meses de prisão, mas, inicialmente, não há nenhuma vaga disponível, conforme o subsecretário do Sistema Penitenciário do DF, João Carlos Lóssio.
Pizzolato ganhou três mudas do uniforme da cadeia – calça e camiseta brancas -, sendo encaminhado em seguida para a cela 1 da “ala dos vulneráveis”. Ele entregou as roupas da viagem e outros pertences pessoais, incluindo ¤ 231,27. Foi informado de que poderá receber R$ 125 por semana de familiares e amigos para gastar na cantina da Papuda, que oferece refrigerantes, cigarros, minipizzas, chocolates e outros itens que não estão no cardápio padrão servido aos presos.
A cela de 21 metros quadrados tem três beliches, além da mesa de plástico. Ao fundo, separados por uma parede, há chuveiro elétrico e um vaso sanitário padrão. É permitido o uso de TV, desde que levada por familiares ou amigos dos próprios presos.
Visitas
Pizzolato poderá receber visitantes todas as sextas-feiras, das 8h às 17h, mas, por ora, ninguém se cadastrou para vê-lo. Ele terá direito a 30 minutos de visita íntima semanais, numa cela específica para isso.
Cada preso pode cadastrar até nove familiares e um amigo para as visitas. As senhas para entrar no presídio são retiradas pela internet. Há um scanner corporal na Papuda, mas o secretário de Justiça explicou que, por causa do grande fluxo de pessoas nas sextas-feiras, também é feita a tradicional revista para evitar a entrada de itens proibidos.
Num último apelo para evitar a extradição, a mulher de Pizzolato, Andrea Haas, escreveu ao ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, na qual reclama que passará por revista vexatória na penitenciária. Ela não retornou ao Brasil no voo que trouxe Pizzolato ao País. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo