Pixuleco II identifica ‘núcleo duro’ da corrupção e ‘miríade de fraudes’

O Ministério Público Federal acredita ter identificado um novo modelo de corrupção dentro do universo Lava Jato – a super investigação que, inicialmente, mirava em doleiros, chegou a diretorias estratégicas da Petrobrás, depois, sucessivamente, em agências de publicidade contratadas por órgãos federais, passou para a Eletronuclear e, agora, bate no Ministério do Planejamento e Gestão.

“Estamos diante de um novo modelo (de corrupção)”, declarou o procurador da República Roberson Henrique Pozzobon, que integra a força-tarefa da Lava Jato, ora em seu 18º capítulo, que identificou um desvio de cerca de R$ 52 milhões a partir de operações de empréstimos de consignados.

“(Na Lava Jato) Tivemos empresas de consultoria, desvios através de empresas de publicidade, propinas por empresas de fachada e, agora, aparecem aqui escritórios de advocacia. É uma frente a ser explorada”, disse o procurador, referindo-se às quatro bancas de advocacia alvo da Pixuleco II.

Um dos escritórios, estabelecido em Curitiba, mantém ligações com o PT. Indagado se os grupos criminosos estão se reinventando, o procurador foi taxativo. “O núcleo duro das fraudes gira em torno de meios e subterfúgios para justificar formalmente o trânsito dos valores das empresas (que distribuem propinas).”

Roberson Pozzobon faz um paralelo com as organizações do narcotráfico. “Ao contrário dos traficantes de drogas, estamos diante de uma criminalidade empresarial. Ela é organizada por empresas que têm aparência de licitude e aí se encaixam diversas formas de lavagem de dinheiro, como por meio de contratos de consultoria ideologicamente falsos, na contratação de escritórios de advocacia sem causa, remessas de valores para o exterior em operações de câmbio sem o devido respaldo, transferências de valores a partir de supostas importações e exportações que, efetivamente, não ocorreram.”

O procurador apontou para a ‘miríade de fraudes’ e a importância de o País apoiar o Ministério Público Federal para implantar o pacote de dez medidas contra a corrupção propostas por sua instituição – os procuradores da Lava Jato buscam 1,5 milhão de assinaturas para ingressar com o projeto no Congresso, a exemplo do que ocorreu na Lei da Ficha Limpa. “A criminalidade organizada busca o aperfeiçoamento dos seus meios. Por isso, é importante a adoção de medidas concretas (de combate aos malfeitos).”

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