No dia em que a Assembléia Legislativa do Paraná aprovou requerimentos que pedem informações sobre o envolvimento do secretário estadual de Comunicação, Airton Pisseti, com a campanha presidencial de Fernando Lugo no Paraguai, a questão chegou ao Congresso Nacional. O deputado federal Eduardo Sciarra (DEM) alertou, no plenário da Câmara, sobre as consequências diplomáticas que o envolvimento do Paraná na disputa eleitoral paraguaia podem trazer ao país.
Por unanimidade, a Assembléia aprovou requerimento da bancada de oposição para que os secretários Airton Pisseti e Rafael Iatauro (Casa Civil) expliquem à Casa as viagens que Pisseti tem feito ao país vizinho e o seu envolvimento na campanha de Lugo, que disputa a presidência do Paraguai com Blanca Ovelar e Lino Oviedo.
No requerimento os deputados querem saber se o secretário Pisseti realizou viagens ao Paraguai em caráter oficial ou extra-oficial, nos anos de 2007 e 2008. Se houve pagamento de diárias, passagens e locomoção pelo Estado. Se a saída do secretário do estado foi autorizada pelo governador, de que maneira essa autorização foi formalizada e se foi publicada no Diário Oficial.
Em Brasília, o deputado Eduardo Sciarra usou a tribuna da Câmara para alertar que o secretário de Comunicação Social do Governo do Estado, sem abrir mão do cargo que ocupa oficialmente no Paraná, está prestando assessoria direta a um candidato à Presidência do Paraguai, com autorização do governador, que também já declarou apoio ao candidato. ?Trata-se, portanto, de uma interferência indevida na política de um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas e comerciais, inclusive importantes acordos como o que gerou a construção de Itaipu. Interferência que pode gerar um desastroso incidente diplomático. Isto porque, na tentativa de justificar sua participação na campanha do país vizinho, o Secretário de Comunicação do Paraná faz graves acusações contra o governo paraguaio?, declarou Sciarra.
O deputado, lembrou que Lugo é ?um ferrenho crítico do acordo binacional de Itaipu e que tem como plataforma a revisão do dinheiro que o país recebe pela geração de energia? e alertou para a intenção de Requião ?conquistar a esquerda do país transformando-se no símbolo do bolivarianismo que, entende ele, começa a dominar a América do Sul?. ?Não sem motivo, Requião se aproxima de lideranças que representam essa mudança de mentalidade, adeptas do populismo, do totalitarismo e do ditatorialismo?, disse o deputado.
O deputado informou que pretende levar a questão às Comissões de Relações Exteriores e do Mercosul da Câmara e defende uma postura firme da União e, até, do Ministério Público Federal para tentar impedir essa interferência do Paraná na política do país vizinho.
