O ex-governador Paulo Pimentel anunciou ontem, dia 7, o seu afastamento da política partidária e das campanhas eleitorais. Em entrevista à rádio CBN, de Curitiba, Paulo confirmou que pediu desfiliação do PMDB, onde ingressou em 2001, e que não irá mais disputar eleições ou aceitar convites para ocupar cargos públicos. "Cheguei à conclusão que o melhor para mim é enfiar a viola no saco e ir para casa. É o que eu estou fazendo", declarou o ex-governador, informando que pretende continuar fazendo política como cidadão.
Contrariado com a aliança do PMDB com o PSDB, Paulo disse que o governador Roberto Requião sai perdendo com essa composição. Se a aliança for confirmada, o ex-governador avaliou que Requião terá que, em algum momento, assumir o apoio ao candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, expondo uma contradição na sua história. "Ele não vai poder ficar em cima do muro. E ele perde ao apoiar o Alckmin porque contradiz suas posições. O Alckmin é a expressão mais forte do neoliberalismo, que o governador sempre combateu", disse Paulo.
O ex-governador afirmou que ficou desapontado com o comportamento do PMDB, que o convidou para concorrer ao Senado e em meio à negociação da aliança com os tucanos não bancou a indicação de seu nome. Paulo, que ficou como opção à candidatura do senador Alvaro Dias (PSDB), se a coligação for vetada judicialmente, afirmou que não leva mágoas, mas acha que a condução do partido no episódio poderia ter sido diferente.
Paulo foi convidado, mas não aceitou integrar a coordenação da campanha à reeleição do governador Roberto Requião. Ele disse que não tem disposição para a função e que o partido tem outros quadros para exercer a coordenação. O ex-governador afirmou que não tem mais interesse em se envolver com atividades partidárias. Ainda que dirigentes do PMDB tenham feito um apelo à sua permanência na sigla, o ex-governador afirmou que a decisão já está tomada e é irreversível. "É uma decisão unilateral", declarou.
Embora se afastando da vida partidária, Paulo disse que vai continuar trabalhando em benefício dos interesses do Estado. Mas na condição de cidadão e empresário. "Eu não quero mais a política partidária. Eu não sou um bom político para disputar eleições. Fui um bom administrador, mas nunca tive um partido na mão. Não construí um partido para ter o controle. Então, agora vou continuar fazendo política, trabalhando pelo Paraná, mas o povo não precisa me pagar com votos", afirmou. O mais recente cargo público que Paulo ocupou foi a presidência da Copel, no atual governo Requião.
Carreira
Paulo Pimentel teve uma longa carreira política. Formado em Direito pela faculdade do Largo São Francisco, Paulo começou na vida pública como secretário da Agricultura no primeiro governo Ney Braga (1961-1965). Em 65, foi eleito governador do Paraná. Paulo também passou pelo Legislativo, onde exerceu dois mandatos de deputado federal. Foi eleito deputado constituinte, em 86, com 174 mil votos, depois de um mês de campanha. Aprovou mais de quatrocentas emendas, entre elas, a que permitiu a criação dos tribunais regionais federais.