Trazendo propostas ligadas aos movimentos sociais, Bernardo Pilotto (PSOL) foi sabatinado na noite de ontem (21), em Curitiba. O candidato respondeu a perguntas sobre seu plano de governo, nas áreas da economia, saúde pública, minorias e segurança pública.
Como auxiliar administrativo do Hospital das Clínicas (HC) e mestrando na área da saúde, Pilotto se mostrou contrário a adesão do hospital à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
“Eu fui fazer mestrado em São Paulo justamente porque lá existe um modelo terceirizado de gestão da saúde, e eu estou podendo estudar como ele não trouxe melhora no atendimento à população”, opinou.
Ele disse também que o HC tem uma dívida mensal de R$ 1 milhão e precisa de mais verba para saná-la, pois “não é possível” administrar bem o local com tal débito. Além disso, o candidato afirmou que com a EBSERH seria mais difícil denunciar profissionais que cometem irregularidades no hospital.
“Hoje o profissional que faz essa denúncia não pode ser perseguido nem demitido, pois ele é aprovado em concurso público. Com a EBSERH, o funcionário terá um vínculo de trabalho mais fraco”, previu.
A polícia foi criticada durante a sabatina e a desmilitarização da mesma foi apoiada. “Hoje a polícia vê a população como uma inimiga a ser combatida. A desmilitarização é mudar o código de ética dos policiais, mas só é possível em âmbito nacional”, explicou.
Transição ao socialismo
No plano de governo de Bernardo é mencionada uma “transição ao socialismo”, na qual a terra, a riqueza e o trabalho seriam democratizados e estariam ao alcance de todos. “Quando falamos em transição ao socialismo falamos em medidas para socializar a riqueza que o Paraná produz”, afirmou.
No que tange aos pequenos agricultores, ele disse que procurará beneficiá-los, dando possibilidades para que escoem sua produção. Ainda a respeito da agricultura, a proposta é mudar a matriz do estado.
“Chega de mandar soja para fora enquanto tem gente aqui que precisa de alimentação. Precisamos ousar na política econômica. Além disso, a reforma agrária gera muitos empregos, mas o direito à propriedade será mantido”, pontuou.
Quando questionado se o brasileiro não tem medo do termo “socialismo”, o candidato foi categórico. “Acho que o brasileiro tem mais medo do capitalismo, da barbárie. Além disso, existem partidos de direita com o termo no nome, como o PPS e o PSB. É possível ter um crescimento econômico sem barbarizar em cima dos trabalhadores”, enfatizou.
Serviços públicos
Bernardo propõe um papel maior do estado na prestação de serviços públicos e muitas propostas do candidato foram aproveitadas de outras instituições, como o pagamento de um salário mínimo para cada detento, que é de autoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Para os professores, a proposta é que o plano de carreira seja coerente e que seu fim seja atingido na hora certa. “No estado você chega ao fim da carreira muito cedo”, opinou. Já para os médicos, o necessário seria suprir uma “falta de formação” que há na universidade, pois o médico atual é “generalista” e “não sabe atuar no serviço público”.
Os pedágios receberam severas críticas do postulando do PSOL ao Palácio Iguaçu. “Somos contra os pedágios, mas não posso abolir de uma hora para a outra. Vamos auditar os contratos, temos certeza de que há irregularidades”, propôs.
O transporte público também foi debatido. “Somos a favor da tarifa zero, entendemos que isso é responsabilidade do município, cabe ao governo do estado incentivar. M,as nós só vamos dar subsídio ao município que auditar contratos, que fizer tudo certinho”, prometeu.
Minorias
As pautas das minorias não ficaram fora dos questionamentos da sabatina. Quanto aos transexuais, Pilotto disse que o seu partido tem buscado trazer estas pessoas para seus quadros e que pretende inaugurar programas de saúde que supram suas necessidades específicas.
O candidato do PSOL pretende combater a violência contra a mulher com uma série de fatores, como medidas educativas, polícia qualificada, investimento e ampliação do expediente da Delegacia da Mulher e das casas-abrigo. “Hoje os maiores índices de violência contra a mulher são dentro de casa, e existe muita dificuldade para denunciar”, examinou.
Por fim, Pilotto criticou a desigualdade social no Estado. “Curitiba tem o 19º melhor IDH do Brasil. Devem ter lugares na cidade que têm o primeiro. A 100 quilômetros de Curitiba, você tem entre os quatro piores do Brasil. Isso mostra que a gente precisa de um governo que socialize a riqueza”, finalizou.