A Procuradoria-Geral da República deve enviar ainda nesta sexta-feira, 4, ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestação favorável ao pedido da Polícia Federal pela prorrogação das investigações do inquérito do Decreto dos Portos por mais 60 dias, apurou o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Então caberá ao ministro relator do caso, Luís Roberto Barroso, autorizar a solicitação.

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Na quinta-feira passada, 26, o delegado federal Cleyber Malta enviou o pedido a Barroso, e elencou quatro pendências a serem superadas para encerrar a investigação. A partir disso, o ministro enviou o requerimento para a análise da PGR. O inquérito tem como alvo o presidente Michel Temer e apura se ele teria beneficiado a empresa Rodrimar na edição de um decreto sobre o setor portuário.

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Para o delegado do caso, a prorrogação é necessária para que seja concluído o recebimento e a análise “dos dados telemáticos, bancários e fiscais” dos investigados. A PF, no fim do ano passado, pediu a quebra de sigilo de Temer, de seu amigo, o coronel João Baptista da Lima Filho, e do seu ex-assessor José Yunes. A quebra foi autorizada pelo ministro Barroso. No entendimento do investigador, a análise desse material é “imprescindível para o esclarecimento dos crimes investigados”.

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Além dos sigilos dos investigados, Malta argumenta pela necessidade de receber e analisar o material relacionado a uma apuração antiga sobre o Porto de Santos, o inquérito 3105/STF. Em um relatório de análise produzido na investigação, a PF cita uma planilha desse inquérito com citações a um sigla (MT), que seria Michel Temer, atrelada a valores.

Segundo a PF, a planilha “contém aparentes referências a quase todos atores citados” no inquérito sobre o decreto dos Portos que tramita sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso no STF.

O delegado também pede mais tempo para poder concluir a análise do material apreendido na Operação Skala, que prendeu Yunes e o coronel Lima, em março. Segundo o investigador, já foi solicitado o apensamento desse material no inquérito para que as informações sejam processadas de forma conjunta.

Por fim, como forma de dar fim a investigação que pode resultar na terceira denúncia contra o presidente, Malta afirma que é importante ouvir outros “investigados e testemunhas de interesse para o esclarecimento do caso”.

Nesta quinta-feira, 3, a psicóloga Maristela Temer, filha do presidente, disse em depoimento à Polícia Federal que recebeu “uma ajuda de camaradagem, amizade, quase familiar” do coronel Lima. A suspeita da PF é que despesas com a reforma da casa de Maristela – de 350 metros quadrados – teriam sido quitadas com valores em espécie supostamente oriundos de propinas arrecadadas pelo coronel Lima.

Ela afirmou que foi a responsável pela obra e, para isso, recebeu ajuda financeira da mãe e também tomou empréstimo bancário. Declarou que não recebeu nenhuma ajuda em dinheiro do Coronel ou da empresa dele, Argeplan. Segundo Maristela, o coronel e sua mulher fizeram orçamentos iniciais, cotação de preço com algumas empresas, para fazer a obra. Mas ela própria acabou rechaçando porque, segundo explicou, eram valores que quase se igualavam ao preço que ela havia pago pela casa.

Por meio de suas defesas, Temer, Yunes e o coronel Lima negam envolvimento em irregularidades.