O PFL reagiu com cautela à decisão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de deixar o cargo até abril para disputar a Presidência da República pelo PSDB. "Não me meto nessa seara", disse o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). A prudência do PFL, o principal parceiro político do PSDB, sustenta-se na lógica de que ainda há uma disputa interna entre os tucanos, já que o prefeito de São Paulo, José Serra, também está no páreo e tem o controle de parcela expressiva do partido. Pragmáticos, os pefelistas esperam que o PSDB escolha o nome mais forte do partido e preserve sua unidade.
"É óbvio que a escolha vai depender do PSDB, mas a atitude do governador Alckmin já nos dá condição de saber que teremos um bom candidato, como também o seu colega José Serra", afirmou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Em qualquer das duas hipóteses, Alckmin ou Serra, o PFL sairá ganhando. Se os tucanos optarem por Serra, o pefelista Gilberto Kassab assumirá a prefeitura de São Paulo por dois anos e oito meses. E na eventualidade de Claudio Lembo vir a substituir Alckmin a partir de abril, o PFL ficará à frente do estado por nove meses. Mas a maior obsessão do PFL é mesmo derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e voltar ao poder.
A possibilidade de o PFL compor a chapa indicando o vice-presidente do PSDB não está afastada. Os pefelistas discutem internamente também a hipótese de compor a chapa com o governador Jarbas Vasconcelos (PE), desde que o partido tenha uma posição de destaque no eventual governo tucano. Além de espaço em postos federais chaves, faria alianças para a composição dos executivos estaduais.
"Vamos esperar o PSDB e qualquer divisão agora no partido seria suicídio", alertou ACM. O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), considerou "ótimo" que Alckmin tenha antecipado sua decisão. "Não cabe ao PFL dizer que ele será o candidato à presidência", observou. Recentemente, o prefeito do Rio, Cesar Maia, pai de Rodrigo, disse claramente que abriria mão da disputa se o candidato tucano fosse Serra, pois ambos têm o mesmo eleitorado. Ou seja, manteria sua candidatura se a opção for Alckmin. "Não temos aliança pré-acertada com o PSDB e vamos decidir no momento certo", afirmou Rodrigo Maia.
Na avaliação de Jorge Bornhausen, Alckmin não teve outra alternativa a não ser confirmar em entrevista o seu desejo de disputar a sucessão presidencial. No entanto, a declaração do governador soou estranha e apressada no grupo do PSDB ligado a Serra. Os deputados trocaram telefonemas e mostraram-se preocupados. Já os aliados de Alckmin argumentam que isso faz parte de uma decisão estratégica, já que o governador precisa tornar pública a sua pretensão e tentar consolidar seu nome no eleitorado.
Como o PSDB, o PFL está também dividido. Serra teria a simpatia do grupo de Jorge Bornhausen, que é ligado ao vice-prefeito Gilberto Kassab. Já o PFL baiano teria preferência por Alckmin. ACM foi um dos primeiros a ser procurado por Alckmin para falar de sua candidatura e isso conta pontos.