"O PFL não aceita a tese da união nacional das oposições em favor da governabilidade nem participa de conchavos nesse sentido. Entende que um partido de oposição contribui com a democracia exercendo bem o seu papel", afirmou ontem em Curitiba o deputado federal Vilmar Rocha (PFL-GO), presidente nacional do Instituto Tancredo Neves, órgão de estudos do partido. Na quinta-feira ele participou de encontro da cúpula pefelista em São Paulo, para discutir a crise política que o País atravessa. E ontem veio a Curitiba para abrir o curso de Formação Política oferecido pelo ITN a estudantes de graduação e pós-graduação, que prossegue até o final da tarde de hoje, na Pontíficia Universidade Católica. O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, também era esperado, mas compromisso urgente em Santa Catarina acabou impedindo que viesse.
Vilmar Rocha explicou que o PFL não tem a menor intenção de promover o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Achamos que o presidente deve ficar até o fim de seu mandato, para que o povo faça o seu julgamento. Isto não quer dizer que vamos afrouxar as investigações. Se fatos levarem a responsabilização do presidente, que democraticamente se instaure o processo. Porém o PFL não trabalha nessa direção", insistiu.
Déficit nominal zero
Considerando "um grave erro" a reforma ministerial já posta em prática numa aliança com segmentos peemedebistas, Rocha apoiou o projeto do déficit nominal zero, do ex-ministro Delfim Neto. Mas observou que o exemplo deve vir do poder Executivo: "Precisamos de um choque de gestão, de cortes de despesa. Mas o Executivo deve começar reduzindo o número de ministérios e de cargos em comissão. Sem isso ficará dificil propor à sociedade redução de gastos em outras áreas".
O ex-prefeito Cássio Taniguchi, que preside o ITN estadual, diz que o Brasil ainda está perplexo com o grande número de denúncias envolvendo o governo do PT, " partido que se apresentava como o guardião exclusivo da ética. Se isso é um choque, por outro lado o traz para a seara comum, mostrando que em todas as agremiações há bons e maus políticos. Talvez, depois disso tudo, possamos viver um período de maior maturidade política, sem os radicalismos que conduzem a equívocos e impedem o País de se modernizar".
Taniguchi entende que cabe a seu partido fazer oposição com responsabilidade: "Há denúncias sérias que precisam ser investigadas até o fim. Mas não me parece, pelo menos até agora, que o presidente esteja pessoalmente envolvido. No ano que vem teremos eleição e a sociedade escolherá quem deseja ver na condução do governo. Claro que vamos participar e queremos ganhar, mas na disputa leal, não no tapetão", comentou.