O deputado federal Rafael Greca acha que sua pré-candidatura ao governo foi beneficiada com a divulgação ontem de três resoluções nacionais do PFL, em que ficou decidido que o partido não terá candidato à sucessão presidencial, não fará coligações nacionais e libera as composições estaduais.
Para Greca, o fôlego para o seu projeto de concorrer à convenção estadual, marcada para o próximo dia 15, está nas resoluções 278 e 279, em que a direção nacional considera como prioridade o lançamento de candidatura própria ao governo nos estados.
Na resolução, a direção nacional do PFL assegura aos pré-candidatos ao governo o direito de ter seu nome apreciado em primeiro lugar na convenção, quando houver uma proposta de coligação em que a cabeça de chapa não seja um nome do partido. É o caso do PFL paranaense, onde a proposta defendida pela executiva estadual é de uma composição com o PSDB e PPB, tendo como candidato ao governo o vice-prefeito de Curitiba, o tucano Beto Richa.
Costuras
Greca disse ontem que conseguiu junto à direção nacional do partido que sejam designados três observadores para acompanhar a convenção do partido. Um deles seria o professor de Direito Eleitoral, Ademar Gonzaga. Segundo o deputado, os observadores terão poder de intervenção se perceberem algum indício de irregularidade no processo de votação.
O deputado pretende apresentar uma proposta de aliança na convenção do dia 15 em resposta ao desafio feito por uma ampla ala do partido. Greca disse que está conversando com o PPS e também com o PTB, legenda que já tem um pré-acordo com o PDT, cujo pré-candidato ao governo é o senador Álvaro Dias. Mas Greca afirmou que também está fazendo contato com os pedetistas. Anteriormente, Álvaro já havia descartado uma composição proporcional com o PFL.
A apresentação de propostas de aliança é um dos argumentos utilizados pelos pefelistas pró-acordo com o PSDB para rejeitar a candidatura própria ao governo. A alegação é que Greca não buscou aliados para a disputa, o que colocaria em risco o desempenho do partido nas eleições para a Assembléia Legislativa e Câmara Federal.
Defensores da aliança se mostram tranqüilos
A ala do PFL que defende o apoio à pré-candidatura do tucano Beto Richa ao governo não viu nas resoluções da direção nacional nada que possa alterar o rumo das composições que vêm sendo negociadas pela executiva estadual. O governador Jaime Lerner (PFL), por meio de sua assessoria, considerou “normal” o conteúdo das resoluções e avalia que é natural que o partido vote primeiro na convenção a proposta de candidatura própria. Lerner deve conversar com Greca até o início da próxima semana, para tentar dissuadi-lo de concorrer na convenção. O governador atende a um pedido do grupo pró-aliança com o PSDB.
O ex-secretário Alceni Guerra, integrante da comissão de pefelistas que está costurando os acordos eleitorais, disse que a resolução recomenda “prioridade” e não “exclusividade” para a candidatura própria. “Nós gostaríamos de ter uma candidatura própria, mas a verticalização nos pegou desprevenidos e não tínhamos preparado uma chapa proporcional que nos permita agora, disputar sozinhos as eleições. Nós precisamos de alianças e o PFL do Paraná vive uma situação de exceção”, comentou Guerra.
De acordo com o ex-secretário, a preferência pelo acordo com o PSDB, que inclui a candidatura ao governo para os tucanos, não é um opção contra Greca. “O Greca é um excelente nome. O problema não é esse. O problema é que não temos outra alternativa neste momento. O Greca perdeu a oportunidade de trabalhar na montagem da chapa proporcional e agora não temos mais tempo”, afirmou Guerra. Ele acredita que a aliança com os tucanos será a tese vitoriosa da convenção.
Sobre as possibilidades de aliança que Greca está tentando articular, o ex-secretário afirmou que seu grupo está esperando para ver qual é a proposta que o deputado irá apresentar ao partido. “Vamos analisar o que ele nos propuser”, resumiu.
