A executiva estadual do PFL cancelou a convenção prevista para a próxima sexta-feira, dia 4, e indicou o deputado estadual Nelson Justus para assumir provisoriamente a presidência do partido.
A decisão da executiva foi tomada ontem pela manhã, após uma tensa reunião em que nenhum dos candidatos ao comando do diretório estadual aceitou fazer uma composição para evitar o bate-chapa na convenção. A tarefa de Justus é pacificar a legenda, que está dividida entre as candidaturas do deputado federal Abelardo Lupion e do ex-secretário da Casa Civil Alceni Guerra, além do deputado estadual Durval Amaral e do ex-deputado Luciano Pizzatto.
Na prática, a disputa está polarizada entre Lupion e Guerra. Pizzatto já disse que abre mão da candidatura em favor de Lupion. E Amaral preferiu seguir a posição da bancada estadual, pressionando pelo adiamento da convenção. O Estado apurou que havia um temor na ala liderada por Lupion de que Alceni pudesse vencer a convenção com a ajuda do Palácio Iguaçu. O ex-secretário da Casa Civil do ex-governador Jaime Lerner (PFL) apoiou o governador Roberto Requião na campanha do ano passado e atualmente é superintendente da Lactec, um laboratório tecnológico no qual a Copel tem 20% de participação. Guerra foi eleito para o cargo com o apoio de Requião.
O ex-secretário afirmou que não tem constrangimento algum em relação à sua proximidade com Requião. “Meu apoio ao Requião foi público na campanha e a maioria esmagadora dos prefeitos do PFL quer se aproximar do governador. Agora, também tenho a humildade de reconhecer que não tenho também uma liderança tão expressiva para mudar a posição de lideranças como a dos deputados Elio Rusch e Durval Amaral. O que eu me proponho é ser um canal do partido com o atual governo”, disse. O ex-secretário afirmou ainda que quer abrir o PFL para que o partido possa atrair novos setores. Segundo ele, o partido está paralisado no Sul e precisa ampliar suas bases em setores tradicionalmente identificados com a esquerda.
Sensibilidade
Justus irá presidir o partido por 60 dias, em substituição a João Elísio Ferraz de Campos, que alegou motivos particulares para se afastar da presidência do diretório estadual. O novo presidente do PFL toma posse na próxima sexta-feira. Justus disse que ainda não sabe como vai aglutinar o partido em torno de uma candidatura única. Ele afirmou entretanto que a disputa precisava ser evitada no momento em que o PFL está ” sensível”.
A avaliação é que o embate interno agravaria ainda mais o quadro de fragilidade que se estabeleceu no partido depois da sucessão estadual do ano passado: “Perdemos a eleição. Não tivémos candidato próprio e o candidato que apoiamos (Beto Richa -PSDB) não foi para o segundo turno. O partido se dividiu entre o Requião e o Álvaro e nós precisamos nos reunificar”, ponderou Justus.
O novo presidente do partido também integrou a ala dos pefelistas que apoiou o governador Roberto Requião na campanha do ano passado. O partido, por enquanto, está na oposição ao governo. Segundo Justus, a posição do partido em relação ao governo não interfere na sua empreitada de ser um mediador entre as várias correntes. “O PFL tem postura de oposição ao governo. O presidente não precisa ter necessariamente esta posição. Até porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. Um presidente não tem poderes para influir na decisão de seu partido no que se refere ao governo”, afirmou.