Tal como ocorreu na campanha do segundo turno, o PFL estadual está dividido novamente. Desta vez, a dúvida está em apoiar ou fazer oposição ao governador eleito, Roberto Requião (PMDB). Em reunião realizada ontem pela manhã no diretório estadual, com a participação da comissão executiva e dos deputados estaduais e federais, o partido optou por adiar a decisão sobre sua relação com o futuro governo do PMDB.
“Não há clima para decidir, não há pressa e não é hora”, disse o deputado estadual Nelson Justus, que não pretende se integrar ao bloco de oposição. Justus, o deputado federal Rafael Greca e o presidente do diretório estadual, João Elísio Ferraz do Campos, foram alguns dos pefelistas que apoiaram Requião no segundo turno. Greca não foi à reunião, mas Justus deixou clara sua posição. “Tenho 41 prefeitos na minha base. Entre eles, 38 apóiam o Requião. Eu apoiei o Requião, ele ganhou a eleição. Como é que vou para a oposição?”, pondera Justus.
Já o líder do governo na Assembléia Legislativa, Durval Amaral (PFL), está no grupo dos que defendem a liberação das bancadas. “Se o partido fechar pela oposição ao governo, vai haver racha. O melhor mesmo é liberar a bancada”, afirmou Amaral. Para o líder, o partido tem tempo para decidir e deve fazer uma consulta às lideranças partidárias no Estado e aos seus prefeitos. “Não precisamos tomar decisões precipitadas”, afirmou.
Para Amaral, não há problemas se a definição do PFL se arrastar até janeiro, quando o novo governo assume. Nesta fase de transição, segundo o líder, não há nenhuma matéria polêmica de interesse do futuro governo a ser discutida na Assembléia. O projeto de orçamento para 2003 já está equacionado, afirmou. “”Não haverá grandes embates. O maior problema poderia ser o orçamento, mas já abrimos as possibilidades para que a equipe de transição possa fazer as adaptações necessárias”, afirmou.
Disputa
A decisão sobre a orientação do partido em relação ao futuro governo irá ajudar a definir também o próximo comando estadual do PFL. Em abril, o partido faz convenção para renovar o diretório estadual. Dependendo da postura que adotar em relação a Requião, algumas candidaturas podem ganhar força. O atual vice-presidente do partido, deputado federal Abelardo Lupion, apoiou o senador Alvaro Dias (PDT) na eleição para o governo. Se o partido fizer oposição ao PMDB, fica fortalecida a posição de Lupion.
Amaral acha que independente da posição do partido, está na hora de um deputado estadual retomar o comando estadual da sigla. Ele nega que esteja interessado no cargo e disse que a indicação ainda deve ser debatida.
Comissão faz balanço
O PFL montou uma comissão para fazer um balanço do desempenho dos seus candidatos nas eleições deste ano. Na reunião de ontem pela manhã, em Curitiba, o assunto foi superficialmente abordado por alguns dos integrantes da executiva, embora já se tenha um balanço dos ganhos e perdas do partido neste ano.
De forma geral, o partido acumulou alguns prejuízos eleitorais. Perdeu o governo do Paraná para o seu principal adversário no Estado, o PMDB, e reduziu seu espaço na Câmara Federal, passando dos atuais cinco para dois deputados. Na Assembléia Legislativa, o resultado foi mais animador. Dos atuais oito deputados, o PFL conseguiu manter uma bancada de sete para a próxima legislatura.
“Conseguimos manter uma base boa na Assembléia. Mas não saímos como vitoriosos no processo, até porque foi uma opção política do partido não concorrer ao governo do Estado”, avaliou o líder pefelista na Assembléia, deputado Durval Amaral. Para o deputado, o partido tem que buscar se fortalecer para as eleições de 2004.
Em cena
O distanciamento do governador Jaime Lerner da disputa política não implica no seu desligamento da vida partidária, acredita o líder do governo. “O governador vai deixar o cargo, mas não a vida pública. Não tem como um ex-governador simplesmente sumir do mapa. Ele tem companheiros, amigos, e certamente continuará envolvido com o nosso partido”, comentou Amaral.