Foto: Agência Senado |
José Jorge venceu disputa acirrada com Agripino. |
Por margem apertada, o senador José Jorge (PE) foi escolhido ontem pelo PFL para concorrer à Vice-Presidência na chapa do tucano Geraldo Alckmin. Jorge venceu o líder do partido no Senado, José Agripino (RN), por 51 a 45 em votação de um colégio restrito do PFL: governadores, vice-governadores, prefeitos de capitais, deputados federais, senadores e membros da executiva nacional sem mandato eletivo.
Com isso, ficou acertado que a coligação entre o PFL e o PSDB será formalizada no dia 29, em Recife. A data e o local foram definidos no final da manhã, quando o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), telefonou de Brasília para Alckmin, que fazia campanha em Macapá.
Jorge venceu a disputa interna com o apoio de Bornhausen e padrinhos de peso como o senador Marco Maciel, o governador Cláudio Lembo (SP) e os prefeitos de São Paulo, Gilberto Kassab, e do Rio de Janeiro, César Maia. Apurados os votos, Bornhausen tentou dissipar a impressão interna de que a disputa possa deixar seqüelas no partido, afirmando que a escolha se deu de forma democrática entre dois bons candidatos.
Maia fez o oposto. Defendeu a escolha de Jorge como "o vice ideal" e explicou as razões de seu voto. Lembrou que havia duas vertentes no PFL: a do senador Antonio Carlos Magalhães (BA), que preferia um vice mais ativo e com maior presença nacional, e a sua, que queria um perfil mais discreto. "Eu acho que o melhor vice é o mais discreto, e o José Jorge é a garantia de que o vice não vai atrapalhar o candidato", disse.
O escolhido afirmou que compete ao candidato a presidente, e não a ele, dar o tom da campanha e avaliou que não será difícil ajustar seu discurso ao de Alckmin. Jorge é crítico habitual do governo Lula, mas não adota um estilo muito agressivo. "Sou moderado", resume. A seu ver, a maior dificuldade será escolher os alvos de ataque ao governo. "Eu mesmo tenho uma lista com mais de cem escândalos e equívocos desse governo. É tanta coisa errada, que vamos ter de fazer uma pesquisa para escolher o que criticar na campanha."
Agripino, por sua vez, adotou um discurso conciliador. "Não guardo ressentimento e ajudarei no que puder", disse Agripino a Alckmin logo depois de proclamado o resultado. O candidato a presidente, que se manteve discreto em sua preferência pelo líder, não hesitou em explicitá-la no telefonema. "Raspamos na trave. Espero contar com você no próximo governo", disse o tucano senador, segundo relato do próprio senador.
O PFL está preparando um esboço de programa de governo que será entregue a Alckmin na cerimônia de formalização da aliança no dia 29, como colaboração do parceiro de chapa. Na avaliação do vice, pelo menos quatro bandeiras serão bastante exploradas nesta campanha: a bandeira da ética, "que ficou jogada no lixo durante o governo Lula", a da segurança, que está em pauta e o atual governo não tem sequer uma política nacional para o setor, e também as bandeiras do emprego e da educação.