À revelia dos representantes do PFL e PDT, que boicotaram a reunião, a bancada aliada ao Palácio Iguaçu instalou ontem a CPI dos Grampos, indicando o líder da bancada do PMDB, deputado Antonio Anibelli, como presidente e o deputado Jocelito Canto (PTB), como relator. Os deputados do bloco de oposição, Plauto Miró Guimarães e Luiz Carlos Martins (PDT), não participaram da reunião, seguindo orientação da bancada que decidiu se afastar da Comissão. O representante do PSDB, Miltinho Puppio, também faltou à instalação, mas é tido como aliado do governo.
A oposição se sentiu ludibriada pelos governistas. Primeira a ter a idéia da proposta de criação de uma CPI para investigar supostas relações do Palácio Iguaçu com o policial civil Delcio Razera, acusado de comandar um esquema de escuta telefônica, a oposição perdeu o foco da CPI para a bancada governista que, mais rápida, protocolou pedido para investigação de grampo nos oito anos de governo Jaime Lerner (PDT).
?Isso é uma brincadeira. Como é que nós vamos investigar doze anos em quinze dias??, protestou Martins. O deputado pedetista disse que a Comissão perdeu seu rumo com a anexação do requerimento governista. ?O objeto inicial era investigar o Razera. Agora, até chegar no Razera, nós vamos precisar de uns quatro mandatos?, ironizou.
Em frente
O presidente da CPI afirmou que, com ou sem deputado de oposição, os trabalhos irão em frente. A informação é que os indicados da oposição não serão substituídos. ?Quem não compareceu, perdeu a oportunidade?, decretou Anibelli.
O relator disse que irá começar o trabalho requisitando fitas que estão em poder de veículos de comunicação do estado, em que estão registradas as gravações feitas pelo policial civil. ?Vamos querer saber a origem dessas gravações. Quem fez, em alguns casos, já se sabe?, disse Canto. Amanhã, a CPI faz sua primeira reunião de trabalho.
Além de Anibelli e Canto, também representam a base de apoio do governo na CPI o petista Natálio Stica e Duilio Genari, do PP.