O PFL do Paraná realiza hoje no Restaurante Madalosso, em Curitiba, a convenção estadual que vai definir o posicionamento do partido na sucessão do governador Jaime Lerner (PFL).
Os 442 convencionais pefelistas com direito a voto vão decidir primeiro se aprovam a tese da candidatura própria, disputada pelo deputado federal Rafael Greca e pelo ex-secretário do Desenvolvimento Urbano, Lubomir Ficinski, que anunciou ontem de manhã sua postulação. Ficinski também se inscreveu para candidato a vice-governador na hipótese de o partido decidir pelo apoio ao vice-prefeito de Curitiba e pré-candidato do PSDB ao governo, Beto Richa. Para o Senado, estão inscritos a vice-governadora Emilia Belinati; o ex-secretário da Casa Civil, Alceni Guerra; e o ex-prefeito de Apucarana, Valdemir Mastrowski.
Pela primeira vez desde que o grupo de Lerner assumiu o controle do PFL, o partido vai para uma convenção dividido. De um lado, estão o governador e a bancada estadual pefelista, favoráveis ao apoio à candidatura de Beto Richa. Do outro, está o grupo de Greca, que não aceita completar a chapa dos tucanos. A convenção será aberta às 9h, com quatro representantes de cada corrente defendendo suas posições. Depois, será iniciado o credenciamento dos delegados. Para ter quórum, é necessário que a convenção tenha a participação de pelo menos 89 dos 442 delegados, o correspondente a 20% do total.
As duas alas cantam vitória. Enquanto Greca assegura ter o apoio de 70% dos delegados, a ala do governador afirma que a aliança com o PSDB será aprovada por 85% dos convencionais. Ontem à tarde, circulava no partido a informação de que uma das estratégias do grupo pró-tucano para derrotar Greca seria derrubar o quórum da convenção. A posição do governador Jaime Lerner, já antecipada durante a semana, foi sacramentada com sua participação no almoço de lançamento da candidatura de Beto Richa, ontem em Curitiba no Restaurante Madalosso, cuja candidatura foi homologada na convenção de anteontem do PSDB. Em seu discurso de apoio a Beto, o governador justificou sua posição dizendo que se tratava de uma questão de coerência. Lerner argumentou que, desde o início das articulações políticas para a sucessão estadual, defendeu a coesão dos partidos que o elegeram em torno de um candidato que conseguisse aglutinar todas as correntes. Segundo ele, esta união foi proporcionada por Beto Richa.
Além do governador, outras lideranças do PFL compareceram ao evento tucano, como o presidente estadual do partido, João Elísio Ferraz de Campos, e o prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi.
Moção provoca desentendimento
A reunião da executiva estadual do PFL, realizada ontem pela manhã em Curitiba, foi marcada por um clima de tensão entre os integrantes da executiva, o deputado federal Luciano Pizzatto e o ex-prefeito de Campo Largo, Newton Puppi, entraram emconfronto que acabou envolvendo outros presentes à reunião. O conflito foi desencadeado por uma proposta de moção de solidariedade ao deputado federal Luiz Carlos Hauly, excluído pela direção estadual do PSDB da lista de candidatos à Câmara Federal, homologada na convenção de quinta-feira. A sugestão da moção foi apresentada pelo líder do governo na Assembléia Legislativa, Durval Amaral (PFL), e questionada pelo deputado federal Luciano Pizzatto.
O deputado ponderou que a moção poderia ser considerada como uma traição aos tucanos, aliados preferenciais de uma ala do PFL para a sucessão do governador Jaime Lerner. Integrante da executiva, Marcelo Puppi, filho do ex-prefeito de Campo Largo, defendeu que a executiva pelo menos apreciasse a proposta. Pizzatto, segundo o relato dos participantes, insistiu na sua posição e se desentendeu com Marcelo, que o acusou de ter trabalhado contra seu pai e o partido na eleição para a prefeitura de Campo Largo, em 2000.
Hauly recorre a cúpula nacional
O deputado federal Luiz Carlos Hauly apresentou ontem à executiva nacional do PSDB petição solicitando que seja revista a decisão da convenção estadual do PSDB de exclui-lo da lista de pré-candidatos à Câmara Federal. O presidente da Comissão Provisória Estadual do PSDB, deputado federal Basílio Villani, justificou a decisão dizendo que se baseou numa resolução do diretório nacional que proíbe a concessão de legenda aos filiados que tenham movido ações contra o partido.
Hauly acionou o partido contestando a dissolução do diretório regional, no ano passado, quando a legenda ainda era presidida no Paraná pelo senador Alvaro Dias, atualmente no PDT. Integrante da executiva estadual, ele foi presidente do partido quando Alvaro Dias renunciou ao comando do PSDB, logo após ser ameaçado de expulsão por ter assinado o requerimento pedindo a instalação da CPI da Corrupção no Congresso Nacional, destinada a apurar as denúncias de irregularidades no governo federal.
A exclusão do nome do deputado provocou um mal-estar entre Hauly e a direção do PSDB do Paraná. O deputado garantiu que havia protocolado o pedido de registro da candidatura na semana passada e não aceitou o argumento apresentado por Villani. Irritado, o deputado acusou a direção do partido de estar tentando cassar o seu mandato. Extra-oficialmente, a direção tucana argumenta que Hauly tem trabalhado contra a candidatura do candidato do partido ao governo, o vice-prefeito de Curitiba, Beto Richa, e a favor de Álvaro, pré-candidato do PDT ao Palácio Iguaçu (EC).