A cúpula do PFL vive dias de tucanos. Programada para o final deste fim de semana, a executiva nacional do partido decidiu adiar a escolha do candidato a vice na chapa presidencial do tucano Geraldo Alckmin.
Diante má performance eleitoral de Alckmin na arrancada da campanha, da dificuldade de compor os dois partidos em Estados onde o PFL é favorito para governador, e da briga interna pelo posto de vice, que divide a cúpula, decidiu-se adiar a definição.
"É muito mais importante resolver esta questão nos Estados do que definir a vice-presidência. Vamos priorizar os Estados e deixar a vice para uma segunda etapa", resume o senador José Jorge (PFL-PE), que disputa a participação na chapa de Alckmin com o líder pefelista no Senado, José Agripino (RN).
"Temos que ser solidários e ajudar os companheiros a resolver os problemas com o PSDB onde somos os favoritos", completa o senador, referindo-se especialmente à briga entre tucanos e pefelistas na Bahia, no Maranhão, em Sergipe e no Distrito Federal.
Na última reunião da executiva nacional, no entanto, foi Agripino quem tomou a iniciativa de pedir à direção partidária que "jogasse a definição um pouco para adiante". Segundo um dos presentes à reunião dos dirigentes partidário na quinta-feira passada, Agripino argumentou que o ideal para o PFL seria aguardar o momento em que o PSDB entendesse que o vice deveria ser anunciado, já que a pré-campanha atravessava dificuldades.
A idéia é celebrar oficialmente a coligação, com a assinatura de um documento conjunto com uma espécie de carta de intenções de pefelistas e tucanos, para só depois anunciar o vice.
Constrangidos com a disputa entre dois senadores queridos e respeitados pela cúpula, todos concordaram com o adiamento. Mas um dirigente pefelista que ouviu atento as palavras de Agripino diz que o líder quis ganhar tempo, já que José Jorge estava à frente dele na consulta interna promovida pelo presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC).
A disputa divide a cúpula porque o grupo mais próximo de Bornhausen optou pelo vice pernambucano, enquanto o grupo ligado ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) não esconde sua preferência pelo candidato potiguar. Embora sempre tenha sido muito próximo do presidente do partido, Agripino aproximou-se de ACM em busca de apoio, para dar força política a sua pretensão.
Mas o drama de ACM hoje não é a vice, e sim a briga baiana de seu grupo com o PSDB do líder na Câmara, Jutahy Júnior.
Embora o governador pefelista Paulo Souto lidere com folga a corrida estadual, os tucanos insistem em lançar candidato. "Onde não tiver como escolher (entre o PFL e o PSDB), o Alckmin terá que resolver. Subir em dois palanques será péssimo", disse ACM hoje, dando sinais de que não admite ver seu candidato a presidente no palanque adversário. Seus correligionários apostam que a briga baiana terá um desfecho nas próximas 48 horas.