“Tô com ódio dessa vaca, quero quebrar ela”, afirmou, por WhatsApp, uma presa por supostamente planejar ameaças a servidores do INSS que descobriram supostos crimes ligados ao PCC na agência do órgão em Santo André. Contra o grupo, a foi deflagrada a Operação Recidiva, desdobramento da Púnico, que, em abril de 2018, revelou os crimes de uma associação criminosa ligada ao Primeiro Comando da Capital que fraudava benefícios previdenciários de auxílio reclusão, salário maternidade e aposentadoria.

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A autora da ameaça foi detida e buscas e apreensões foram realizadas em seis endereços ligados ao grupo criminoso na manhã desta terça, 4.

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Segundo o Ministério Público Federal, após análise ‘nas provas obtidas na Operação Púnico foi descoberto o maior envolvimento de uma mulher, que atuava como intermediária, com a quadrilha, e seu envolvimento direto nas ameaças aos servidores do INSS que descobriram as fraudes na agência do INSS em Santo André’. “Casada com um membro do PCC preso em julho, ela deixou a Grande São Paulo logo após a deflagração da operação e mudou-se para o litoral de São Paulo”.

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“Os desdobramentos da Operação Púnico permitiram descobrir que a mulher presa nesta manhã participou do levantamento de informações sobre hábitos da chefe e do gerente-executivo da Agência da Previdência Social em Santo André e nas instruções dadas a membros do PCC para a execução das ameaças contra as vítimas, ocorridas em março deste ano”, diz a Procuradoria.

A Procuradoria da República em São Paulo ainda afirma que a ‘chefe da agência e o gerente-executivo haviam descoberto os crimes cometidos por um técnico da Previdência Social da agência do INSS em Santo André que também atuava como advogado previdenciário e lhe tiraram o acesso aos sistemas da Previdência’. “As descobertas desses servidores permitiram o início das investigações pela Força Tarefa integrada pelo MPF, PF, Advocacia Geral da União e Secretaria da Previdência do Ministério da Fazenda”.

“Diante disso, a quadrilha, da qual participam advogados, contadores e intermediários, preocupada com a perda do lucro fácil proporcionado pelo esquema, mobilizou-se para levantar informações sobre as vítimas e ameaçá-las de morte. As ligações foram feitas provavelmente de dentro de um presídio e o grupo usava métodos sofisticados para tentar ocultar a origem das ligações”, narra o MPF.

De acordo com os procuradores, além de ‘fechar o cerco e identificar a participação dos membros da associação criminosa envolvidos com as ameaças sofridas pelos agentes públicos que combateram as fraudes, a operação Recidiva também apura o envolvimento de contadores em fraudes ao Cadastro Nacional de Informações Sociais uma das bases de dados adulterada pela quadrilha para obter os benefícios indevidamente’.

“Com a execução das buscas e apreensões objetiva-se descobrir o nome de todas as empresas-fantasmas usadas pelos contadores para criar falsos vínculos empregatícios. Os investigados envolvidos com as ameaças serão processados pelo crime de coação no curso do processo. Os contadores, advogados e intermediadores estão sendo investigados pela prática dos delitos de associação criminosa, falsificação, estelionato contra a União e inserção de dados falsos em sistemas públicos de informação”, revela a Procuradoria.

Denúncia

No final de maio deste ano, o MPF em São Bernardo do Campo denunciou o técnico da previdência social e mais quatro pessoas pelos crimes de associação criminosa, estelionato contra a União, inserção de dados falsos em sistemas públicos de informações, corrupção ativa e passiva. Dos cinco acusados, o técnico, uma advogada e um segurado continuam presos preventivamente. A denúncia foi recebida em junho e o processo aguarda a apresentação da defesa dos réus para prosseguir.