A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra de sigilo bancário da empresa Eliland do Brasil, que recentemente entrou na mira das investigações do inquérito dos Portos, aberto para apurar se o presidente Michel Temer recebeu vantagens indevidas em troca de favorecimento a empresas do setor portuário. A informação foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Broadcast/Estadão.

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A PF quer analisar a relação da Argeplan, do coronel João Batista Lima Filho, amigo de Temer, com a Eliland, que teve contrato com 10 anos com a empresa Rodrimar, também investigada no inquérito. “Será possível colher novos elementos relacionados às empresas que surgiram recentemente na investigação, com indicativo de utilização interposta pela empresa Argeplan e seus sócios, para intermediar contratos com empresas ligadas ao setor portuário, a exemplo da Eliland do Brasil”, afirmou o delegado Cleyber Malta Lopes quando pediu a prorrogação para conclusão do inquérito em junho.

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Segundo a PF, há suspeitas de a Eliland do Brasil ser uma empresa “laranja”, de fachada, criada para “constar ostensivamente” nos contratos com várias empresas concessionárias do setor portuário e a Argeplan, acobertando o vínculo da empresa do coronel Lima e seus sócios com o setor.

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Almir Martins, que já foi gerente da Eliland, prestou depoimento à PF no âmbito do inquérito. Ele confirmou que assumiu o encargo de gerente-delegado a pedido de José de Aparecido, diretor da Argeplan, que já morreu, segundo a PF.

“Causa estranheza que, apesar de administrar a empresa por mais de 15 anos, Almir Soares Martins alegou não saber justificar o objeto da empresa, se recordando apenas de que a empresa Eliland do Brasil possuiu um contrato justamente com o Grupo Rodrimar, empresa aqui investigada, no que também não soube detalhar o serviço prestado”, destacou a PF no pedido de prorrogação do inquérito.

O processo investigava inicialmente, além de Temer, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor do presidente e ex-deputado federal, Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, que é diretor da Rodrimar. Ao longo da apuração, entraram também na mira o Coronel Lima e executivos do Grupo Libra. Todos negam envolvimento em irregularidades.

Embora o inquérito tenha sido aberto para apurar fatos relacionados à edição do Decreto dos Portos, a investigação avançou sobre a atuação do grupo político de Temer para fatos anteriores ao decreto, mas também relacionados ao setor portuário.

O pedido de quebra de sigilo bancário da Eliland foi feito durante o recesso do judiciário, que durou todo o mês de julho, e ainda deve ser analisado pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito.

A empresa não foi localizada, e a defesa do coronel Lima afirmou que não iria comentar, ressaltando o que já afirmou em outras ocasiões ao negar qualquer irregularidade.

Nesta quarta-feira, 1, o ministro aceitou prorrogar por 60 dias as investigações. No final de junho, antes do início do recesso, Barroso havia autorizado a PF a dar continuidade às investigações no âmbito do inquérito até que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se manifestasse e sobre o pedido de prorrogação feito pela autoridade policial.

Durante o recesso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou parecer ao STF no qual concordava com o pedido da Polícia Federal pela prorrogação por 60 dias.