A Polícia Federal (PF) cumpriu hoje mandados de busca e apreensão no comitê da coligação “Avança Amazonas”, que elegeu o senador Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB), e na sede da empresa A.C. Nadaf Neto Assessoria, que teria coordenado os cabos eleitorais da campanha. As diligências foram determinadas pelo juiz federal Márcio Luiz Freitas, motivada por ação do Ministério Público Federal (MPF).

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O dono da empresa, Abrahim Calil Nadaf Neto, foi preso pela Polícia Federal por porte ilegal de arma e está sendo ouvido nesta segunda-feira na sede do órgão. Nadaf é funcionário público municipal cedido desde 2007 para o cargo de consultor técnico legislativo da Casa Civil do governo do Amazonas.

O MPF, por meio da procuradoria eleitoral, acolheu na sexta-feira a denúncia feita pelo senador não reeleito Arthur Virgílio (PSDB) sobre um suposto esquema de compra de votos e abuso do poder econômico durante a campanha de Braga e Vanessa. Segundo a denúncia, o esquema teria funcionado “maquiado” de pagamentos a cerca de 100 mil cabos eleitorais no interior, no valor de R$ 600 ou R$ 1,2 mil cada.

A assessoria da coligação “Avança Amazonas” emitiu nota afirmando que “apoia toda e qualquer determinação ou ação da Justiça Eleitoral, Polícia Federal e Ministério Público Federal que visem a esclarecer de uma vez por todas as insinuações levantadas por grupos políticos derrotados nas últimas eleições”.

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Depoimentos

Acompanhadas pelo advogado do PSDB, Yuri Dantas, seis moradores de Parintins, a 325 quilômetros de Manaus, prestaram depoimento ao MPF na sexta-feira. A assessoria de Virgílio enviou cópias dos depoimentos à reportagem. Nenhum dos depoentes cita nominalmente quem os teria cooptado para a suposta compra de votos.

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Quatro deles são do mesmo teor, afirmando que receberam R$ 600 da coligação “Avança Amazonas” sem terem trabalhado como cabos eleitorais. Amanda da Silva Canto, Naimy Picanço Nomiyama, Evandro Ferreira Cid e Paulo Augusto Vieira Bulcão afirmam que consideraram o fato “compra de votos”.

Amanda e Naimy, segundo cópias de contratos enviados pela assessoria da “Avança Amazonas”, tinham contratos assinados para trabalharem como cabos eleitorais no valor de R$ 600 cada. Outro depoente que a coligação enviou cópia do contrato como cabo eleitoral foi Antonio Carlos Rodrigues. Segundo o contrato, ele iria receber R$ 600. No depoimento ao MPF, ele informou que recebeu R$ 1,2 mil “e entregou R$ 20 para 20 pessoas para votarem em Vanessa e Eron Bezerra (candidato derrotado a deputado estadual)”.

Tonmir Rodrigues Saunier afirmou que havia sido convidado para “reunir amigos e conhecidos para receberem cada um R$ 30 para trabalharem 20 dias, inclusive com a determinação de votar nos candidatos do PCdoB (Vanessa e Eron)”. Ele afirmou que reuniu 83 pessoas, mas não foram pagos.