A Polícia Federal indiciou ontem o prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL) no inquérito que apurou as denúncias de irregularidades na prestação das contas de sua campanha à reeleição em 2000.
Ele é acusado de ter fraudado sua contabilidade de campanha, omitindo da Justiça Eleitoral até R$17 milhões em gastos. O indiciamento foi caracterizado como indireto devido ao fato de o prefeito não ter prestado depoimento. Taniguchi havia solicitado a transferência do seu depoimento para o próximo dia 29, depois de ter faltado à primeira convocação da PF, no dia 5.
O delegado Hugo Correa Martins concluiu o inquérito depois de ouvir durante sete meses várias testemunhas e envolvidos na denúncia de existência do Caixa 2. O caso agora será encaminhado à 1ª Zona Eleitoral, abrindo a possibilidade de o Ministério Público Estadual denunciar novamente o prefeito por crime eleitoral. O MP havia apresentado a denúncia ao Tribunal de Justiça, que rejeitou o pedido e devolveu a matéria para o Tribunal Regional Eleitoral que encaminhou o caso para a PF.
A assessoria jurídica de Cássio não reconhece o indiciamento. Um dos advogados do prefeito, Luis Alberto Machado, obteve ontem uma liminar assinada pelo juiz do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Jaime Stiveberg, suspendendo o indiciamento. De acordo com o advogado, a PF não poderia ter encerrado o inquérito sem ouvir o prefeito.
Machado argumentou que Cássio na condição de prefeito tem o direito de marcar dia, hora e local para depor. ?O prefeito tinha um compromisso fora do Brasil e enviou um ofício para a Polícia Federal transferindo a data. Ele não se escondeu ou evitou o depoimento. Eles encerraram o inquérito às pressas depois que souberam que havíamos obtido a liminar?, criticou o advogado.
Para Machado, toda a investigação do caso está sendo conduzida de forma equivocada. ?O processo está maculado pela paixão política?, acusou. Desde a publicação da denúncia pelo jornal Folha de S.Paulo e a entrada do Ministério Público no caso, a defesa do prefeito vem sustentando que ele está sendo vítima de uma armadilha política montada pelos seus adversários.
A investigação da denúncia contra o prefeito avançou depois que o tesoureiro da campanha, Francisco Paladino Junior, reconheceu como autênticas as fotocópias dos documentos que indicavam a diferença entre os gastos declarados pela coordenação da campanha ao TRE e o movimento registrado no chamado Caixa 2.
PT quer anular diplomação
A assessoria jurídica do deputado estadual Angelo Vanhoni (PT), que perdeu o segundo turno da eleição para o prefeito Cassio Taniguchi (PFL) na eleição de 2000, está avaliando a possibilidade de pedir ao Tribunal Regional Eleitoral a anulação da diplomação do pefelista. O advogado do PT; Daniel Godoy, explicou que com o indiciamento de Cassio pela PF o partido já tem elementos para fazer o pedido com base na acusação de abuso de poder econômico na eleição.
O argumento central do PT é que Cassio diplomou-se apresentando uma prestação de contas falsificada à Justiça Eleitoral. O PT poderá pedir a anulação da diplomação do vice-prefeito de Curitiba e candidato do PSDB ao governo do Estado, Beto Richa. (E.C.)
Candidatos apresentam bens
Os doze candidatos ao governo do Paraná entregaram na última semana as declarações de bens ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), atendendo exigência da da resolução 20.993/02, da lei eleitoral 9.504. A apresentação do patrimônio pessoal é feita junto com o registro da candidatura, tanto por candidatos à majoritária quanto à proporcional.
Dos postulantes ao Palácio Iguaçu, apenas Claudemir Figueiredo Pessoa (PSTU) afirmou que não possui bens móveis e imóveis. Os demais apresentaram números que variam de R$ 37 mil a mais de R$ 4 milhões. O advogado Giovani Gionédis (PSC), ex-secretário estadual da Fazenda, é quem tem o maior valor declarado, num total de R$ 4,3 milhões. Deste total, R$ 89,2 mil são em obras de arte. Constam ainda na sua lista de bens casas e apartamentos, automóveis, lotes de terrenos, ações e aplicações financeiras.
Em segundo lugar na lista está o senador Álvaro Dias (PDT), que declarou R$ 3,8 milhões. Constam no seu patrimônio um apartamento de luxo em Curitiba, no valor de R$ 173 mil; um apartamento em Brasília, avaliado em R$ 140 mil; e uma fazenda em Porecatu, no valor de R$ 450 mil. Além disso, R$ 2,85 milhões referem-se a lotes de terras, adquiridos por doação feita por seu pai.
O vice-prefeito Beto Richa (PSDB) informou um patrimônio de R$ 1,2 milhão. Dentre os imóveis relacionados está um apartamento em Caiobá, que vale R$ 90 mil. Em seguida vem o juiz aposentado Jamil Nakad (PRTB), que também declarou R$ 1,2 milhão.
O deputado federal Rubens Bueno (PPS) afirmou possuir bens avaliados em R$ 738,6 mil, que incluem um apartamento em Matinhos e outro em Brasília. O senador Roberto Requião (PMDB) declarou um patrimônio de R$ 654,9 mil, com destaque para quadros e esculturas de diversos artistas.
José Gladston Bispo (Prona) declarou bens no valor de R$ 515 mil. Padre Roque Zimmermann (PT) cujo patrimônio foi estimado em R$ 254 mil, possui terrenos, apartamento em Brasília, veículos e aplicações em fundo de renda fixa. Cirus Itiberê da Cunha (PSD), afirmou possuir bens no valor de R$ 162; Abrahão Barbosa Emílio Júnior (PTC), declarou R$ 80 mil; e Severino Nunes de Araújo (PSB) informou R$ 37 mil em patrimônio.
Senado
Os dezesseis candidatos ao Senado também apresentaram suas declarações de renda. O empresário Paulo Pimentel (PMDB) é o candidato que possui o maior patrimônio, tendo declarado R$ 9, 4 milhões em bens. Em seguida vem o deputado federal Luciano Pizzatto (PFL), com bens de R$ 3, 7 milhões. O senador Osmar Dias apresentou ao TRE patrimônio de R$ 2, 6 milhões, mesmo valor declarado pelo médico Affonso Antoiuk (PPS). Nitis Jacon (PSDB), diretora do Festival Internacional de Londrina, declarou bens de R$ 1, 4 mil.