Um dos delatores da Operação Lava Jato, o contador Roberto Trombeta, virou alvo da Polícia Federal após seu contato telefônico ser identificado no celular do doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Trombeta e seu sócio, Rodrigo Morales, fecharam acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal. As declarações já foram homologadas pela Justiça Federal.

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A PF fez uma tabela com todos os contatos e interlocutores do doleiro e associou os “Nick Names”, os cadastros das linhas telefônicas e nomes de e-mails. Segundo os investigadores, a partir daí foi possível identificar “a capacidade de articulação dos negócios possivelmente ilícitos” de Youssef.

Relatório da Polícia Federal, de março deste ano, aponta que foram identificadas várias mensagens entre os interlocutores “Primo”, referente a Alberto Youssef, e “RO”, cadastrado em linha de propriedade da Hedge Car LVME Equipamentos, empresa controlada por Trombeta e Morales.

Segundo o documento, nos telefonemas eram tratados quatro assuntos: “movimentações de valores monetários vultosos em moeda estrangeira (US$) no Standard Chartered Bank Hong Kong, China; transações envolvendo valores monetários em espécie, possivelmente em moeda nacional; movimentações em moedas financeiras através de TED; e negócios em São Luis, Maranhão”.

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Entre 28 de abril de 2008 e 14 de agosto de 2008, segundo a PF, a conta da Hedge Car LVME Equipamentos apresentou transações de forma desdobrada, totalizando R$ 300 mil “configurando tentativa de burla aos controles estabelecidos pelo Banco Central”.

De acordo com a PF, Leandro Trombeta “figurou como portador de recursos no valor total de R$ 17.010.923,00, provenientes do pagamento de vários cheques emitidos pelas empresas: Manwin Hiundai S.A., Manwin Serv P, Manwin Logistica S.A., Selton Part. e Consul T., Morales de P. Advogados, Digirede Telecomunic. e Hedge Car”.

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Empresas

Pesquisas feitas pela Polícia Federal em março passado sobre os vínculos societários dos empresários indicaram que, com a Hedge Car, Trombeta era responsável por nove empresas, sócio de três, administrador de uma e diretor também de uma. Ele já havia excluído outras 25.

Morales era sócio de nove empresas, responsável por sete, diretor de uma e já havia excluído 20. O empresário foi identificado pela PF no banco de dados de Acesso de Visitantes da GFD Investimentos, empresa de fachada de Alberto Youssef. Cinco registros de Rodrigo Morales foram feitos na portaria do prédio, no bairro do Itaim Bibi, zona de luxo, em São Paulo.

Em depoimento à PF, em 3 de junho deste ano, Alberto Youssef contou que conheceu Roberto Trombeta em 2011, na casa do executivo Valmir Pinheiro Santana, da UTC Engenharia. “Algum tempo depois passaram a fazer negócios; geralmente as operações consistiam em entrega de reais vivos para os referidos, em troca de pagamentos feitos no exterior, geralmente na conta da Santa Thereza Services no PKB Bank, localizada na Suíça”, afirmou o doleiro, um dos delatores da Lava Jato.

Segundo Youssef, Roberto Trombeta pedia para que fossem feitos pagamentos no exterior, a partir da conta controlada por ele.

Em busca na casa de Valmir Santana, na deflagração da 7ª fase da Lava Jato, em novembro de 2014, a PF encontrou contratos celebrados entre a UTC Engenharia e empresas ligadas a Rodrigo Morales e a Trombeta.