No penúltimo dia de agendas de campanha antes do segundo turno, Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) mantiveram hoje a troca de ataques, horas depois do fervoroso debate da TV Globo. Ao vivo, durante o encontro, o governador e candidato à reeleição anunciou um site criado por sua campanha que reúne matérias e vídeos contra o adversário, reforçando a ligação do ex-ministro da Pesca com a Igreja Universal do Reino de Deus. O Ministério Público Eleitoral informou que vai analisar a peça para verificar se há irregularidade eleitoral.
Pezão revelou que o site “O verdadeiro Crivella” foi “patrocinado” por seu partido. Segundo o procurador regional eleitoral Paulo Roberto Bérenger, a peça, “apesar de ser propaganda negativa”, é permitida desde que não fique caracterizada nenhuma “mentira, inverdade ou crime contra a honra”. “Se for inverdade, pode caracterizar crime contra a honra”, completou. Até ontem à noite, o procurador não informou se ficou caracterizado algum tipo de irregularidade.
Crivella afirmou que “pode ser que tenha de tomar providências para tirar o site do ar”, e, apesar de estar atrás nas pesquisas de intenção de voto divulgadas esta semana por Ibope e Datafolha, disse que Pezão está “desesperado”. “Esse comportamento mostra que estão com medo de perder. E vão perder”. No Datafolha, de quinta-feira, 23, a vantagem do governador, que chegou a ser de 10 pontos porcentuais, oscilou negativamente para 8 pontos: 46% a 38% do total das intenções de voto.
Pezão afirmou que o site tem “matérias de jornalistas só para lembrar ao eleitor do Estado notícias que `saíram’ sobre o bispo Crivella” – sempre que pode, o governador ressalta a ligação entre o senador e a Universal, da qual o ex-ministro da Pesca afirma ser bispo “licenciado”.
Hoje, Pezão fez caminhada com o senador eleito Romário (PSB) em Nilópolis, na Baixada Fluminense, e foi até o reduto eleitoral do ex-governador e candidato derrotado no primeiro turno, Anthony Garotinho (PR), crítico contumaz do governo estadual que agora apoia Crivella. Apesar de chegar junto com Pezão a Nilópolis, Romário rapidamente pediu votos para o governador e não ficou para a caminhada.
Já Crivella recebeu apoio de setores do PSB fluminense e também repetiu as críticas que tem feito, sempre lembrando da ligação de seu adversário com o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e o que chama de “escândalos” do atual governo: o episódio em que o secretários estaduais foram fotografados num restaurante de Paris com guardanapos na cabeça e as polêmicas viagens de helicóptero do antecessor de Pezão.