A Petrobras rescindiu contrato de R$ 443,8 milhões com a Ecoglobal Ambiental e a Ecoglobal Overseas, após a Polícia Federal levantar a suspeita de que as companhias têm ligações com o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e com o doleiro Alberto Youssef, ambos presos pela Polícia Federal sob suspeita de integrarem um esquema de lavagem de dinheiro desbaratado pela Operação Lava Jato em 17 de março.

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Em comunicado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas decisões da operação, a companhia dá por cancelado, desde a quinta-feira passada, o vínculo com as duas empresas.

Oficialmente, a Ecoglobal é de propriedade do empresário Vladmir Magalhães da Silveira. Os investigadores, porém, dizem ter achado documentos que mostram a ligação da companhia da área ambiental com Costa e Youssef. A Polícia Federal sustenta que o ex-diretor da Petrobras era a ponte do doleiro com a estatal.

No documento em que anuncia a rescisão do contrato, a Petrobras justifica que a Ecoglobal feriu a “boa-fé objetiva” e seu código de ética ao faltar “com os deveres de clareza, transparência e colaboração no que tange à sua composição societária”. Além disso, alega que elas não terão meios de concluir o objeto do contrato, o que acarreta “transtornos operacionais” e, em consequência, “potenciais prejuízos financeiros”.

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Gaveta

O contrato foi firmado no ano passado para serviços como tratamento e descarte de água oleosa. Conforme denúncia do Ministério Público Federal à Justiça, meses após a assinatura as empresas passaram às mãos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e do doleiro, o que evidencia fraude.

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Durante as buscas da Lava Jato, a Polícia Federal apreendeu um contrato segundo o qual 75% das cotas da Ecoglobal foram transferidas, em setembro de 2013, para três empresas, entre elas a Quality Holding Investimento, controlada por Youssef; e a Sunset Global, registrada em nome da filha e da mulher de Costa, segundo o inquérito.

“Uma das condições de aquisição das cotas da Ecoglobal era justamente a celebração de contrato com a Petrobras, no valor de R$ 443 milhões. Ou seja, a Ecoglobal tinha a receber R$ 443 milhões de um contrato com a Petrobras quando as empresas ‘investidoras’ compraram 75% das cotas”, afirma o Ministério Público Federal.

Conforme o inquérito, o negócio foi feito por valor bem mais baixo: R$ 18 milhões. A Polícia Federal abriu investigação específica para apurar as evidências de fraude na transação com a fornecedora da Petrobras. Procurados, os advogados de Costa e Youssef não responderam aos pedidos de entrevista. O representante oficial da Ecoglobal não foi localizado.

A operação

Costa e Youssef foram presos em março durante a Operação Lava Jato, da PF, suspeitos de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Costa chegou a ser liberado após 59 dias, mas voltou a ser preso na semana passada, quando a Justiça Federal foi avisada, pelo ministério público da Suíça, sobre bloqueios de contas bancárias ligadas ao ex-diretor no país europeu.

No dia anterior à sua segunda prisão, Costa prestou depoimento à CPI da Petrobras no Senado e negou as acusações que pesam contra ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.