As campanhas publicitárias da Petrobrás ganharam um tom mais nacionalista em abril, quando a estatal passou a adotar o slogan “A gente é mais Brasil”, em substituição ao anterior, “Gente. É o que inspira a gente”, utilizado em 2013.
“A frase ‘A gente é mais Brasil’ é uma assinatura de campanha, que funciona como conceito guarda-chuva. Esta assinatura seguirá acompanhando todos os esforços publicitários institucionais da Petrobrás no ano de 2014”, informou em nota a empresa petrolífera.
A adoção de uma frase que pudesse associar a Petrobrás ao sentimento de nacionalidade e a avanços econômicos decorrentes do pré-sal ocorreu logo após a divulgação de denúncias que envolviam o nome da empresa e sugeriam atos de corrupção cometidos por integrantes de sua antiga diretoria.
Apesar do aumento de gastos no primeiro semestre, a Petrobrás afirma que, no fechamento do ano, as despesas deverão ser inferiores aos R$ 380 milhões do ano passado, para que a companhia se enquadre na Lei 9.504/97, que trata das restrições às campanhas publicitárias de estatais em ano eleitoral.
Histórico
Logo após a divulgação de detalhes da compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobrás – que se tornou o pivô da crise envolvendo a estatal -, o ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa foi preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, por suspeita de participar de esquema de lavagem de dinheiro. Costa participou da aquisição de Pasadena.
Em 2012, o Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado, revelou a discrepância entre o valor pago pela empresa belga Astra Oil pela refinaria, em 2005, e o desembolso total efetuado pela Petrobrás pelo empreendimento. Após uma longa disputa judicial com a empresa belga, a estatal brasileira foi obrigada a ficar com 100% da refinaria, gastando mais de US$ 1,2 bilhão. A Petrobrás admite que teve prejuízo de US$ 530 milhões.
Em março deste ano, o tema voltou à tona e ganhou relevância política, após a publicação de reportagem, pelo Estado, na qual a presidente Dilma Rousseff afirmava não ter tido conhecimento completo das condições do contrato de compra da refinaria na época em que estava à frente do conselho de administração da estatal. Em texto sobre o episódio, a presidente disse que o relatório recebido era “juridicamente falho” e que, se soubesse dos detalhes, não teria aprovado o negócio.
A crítica da presidente apontava para Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da estatal – que teria sido o autor do relatório incompleto por ela recebido. Com novas denúncias de superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a Petrobrás passou a ser alvo de duas CPIs no Congresso.
CPI
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) diz que o trabalho da oposição na CPI da Petrobrás ficará mais intenso a partir de agora, com a determinação da Justiça de quebra do sigilo bancário de Paulo Roberto Costa. “Teremos muito material sobre o qual nos debruçarmos. E, com isso, muita chance de identificar os agentes políticos e públicos envolvidos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.