O presidente do PT do Paraná, deputado estadual André Vargas, disse ontem que as condições políticas recomendam a suspensão das eleições internas para renovação dos diretórios nacional, estaduais e municipais do partido, marcadas para dezoito de setembro. Vargas, candidato à reeleição, afirmou que existe um clima sinalizando para a apresentação de um pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que todos os petistas deveriam pensar antes em defender o governo, para depois se preocupar com o embate interno.
Vargas disse que o sinal mais evidente deste próximo passo da oposição ao governo foi o encontro entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), para discutir o que fazer em caso de agravamento da crise. "Acho que estão combinando um pedido de impeachment. Pelo menos foi o que os jornais noticiaram. E nesse caso é melhor defender o governo Lula primeiro e depois tratar do partido. O tempo da nossa depuração é outro", disse o dirigente petista.
Ele garante que não teria vantagens com o adiamento do processo de eleição direta, mas que o partido seria beneficiado. "Estamos em meio a uma tentativa de criminalização do PT como um todo. O clima está muito ruim. Já temos motivos suficientes para suspender a eleição. Se formos avaliar o que está acontecendo, evitaríamos o sangramento interno", afirmou.
Falência
Vargas afirmou que o adiamento da eleição pode até favorecer as candidaturas de alguns de seus adversários, já que daria tempo de os diretórios pagarem suas dívidas para com o diretório estadual. O PT de Curitiba, base eleitoral dos deputados Dr. Rosinha e Tadeu Veneri, que disputam a presidência do PT com Vargas, deve R$ 100 mil ao diretório estadual. Metade do valor tem que ser pago até o dia da eleição. Caso contrário, os cinco mil filiados do partido na capital não poderão participar do processo de eleição interno.
Os valores correspondem a contribuições que deixaram de ser feitas durante os últimos anos. Segundo Vargas, a maior parte dos diretórios municipais está inadimplente junto ao diretório estadual, totalizando um débito próximo a R$ 300 mil.
Vargas disse que o fato de Curitiba responder por um terço da dívida pode tornar difícil o pagamento. "Acho que é difícil para o diretório pagar. E se não pagar, não vai ter eleição. E isso não muda porque a regra vale para todos", afirmou o presidente do partido.
A suspensão do processo eleitoral é uma decisão da executiva nacional do PT.