Anderson Tozato / GPP |
Paulo Bernardo: ministro |
Enfezados com as cobranças do governador Roberto Requião (PMDB) ao governo federal, acusado de não atender aos pedidos do Paraná, os petistas do Estado resolveram dar a resposta ao governador no seu programa partidário, que será exibido no dia 21 de novembro. Em reunião da executiva do PT do Paraná, realizada anteontem à noite em Curitiba, ficou decidido que parte do programa vai rebater as críticas de Requião.
Mas não de forma direta. Com a ajuda do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que também participou da reunião, o PT vai fazer um levantamento de cada centavo de recurso federal repassado ao governo estadual. A idéia é mostrar que o governador do Paraná está "chorando de barriga cheia".
Os petistas querem dar o troco ao governador que enviou a todos os deputados federais e estaduais do partido um dossiê contendo os pedidos, ofícios e até bilhetes que encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a alguns dos seus ministros, e que não foram atendidos. E nem mesmo respondidos, acusa o governador do Paraná, que cobrou dos petistas mais empenho para ajudar o estado junto ao governo federal.
Discórdia
Se houve consenso na resposta a Requião, o mesmo não aconteceu sobre a proposta de união do partido em torno da chapa majoritária para a sucessão estadual do próximo ano. A deputada federal Clair Martins sinalizou que não vai aderir tão fácil à proposta defendida pelo presidente estadual do PT, André Vargas, que pretende fechar os nomes dos candidatos ao governo e ao Senado no encontro estadual do partido, marcado para os dias 11 e 12 de novembro, em Curitiba.
Vargas está tentando unificar todas as correntes e grupos em torno das candidaturas do senador Flávio Arns para o governo, e da diretora financeira da Usina de Itaipu, Gleisi Hoffmann, para o Senado. A deputada Clair avisou na reunião que seu grupo não tem a mesma posição, e que há interesse em apresentar outros nomes para concorrer ao governo e Senado. E que ela própria pode vir a postular a indicação ao Senado, com o apoio do deputado Tadeu Veneri, líder da bancada na Assembléia Legislativa.
A intervenção da deputada foi o primeiro obstáculo aos planos de Vargas que já tinha obtido o compromisso de apoio de outras alas à esquerda do partido para a dobrada Arns-Hoffmann, como o da corrente do deputado federal Dr. Rosinha, e o grupo do secretário estadual do Trabalho, padre Roque Zimermann.
Se outros integrantes do partido apresentarem suas pré-candidaturas, o consenso, que seria anunciado no encontro estadual, terá que ser adiado. E o partido poderá ter que realizar uma prévia interna, uma etapa que a atual direção queria pular e partir diretamente para a campanha, depois de todo o desgaste provocado nos últimos meses pelas denúncias contra o partido e o governo.