As lideranças petistas consideraram equivocada a decisão, que ainda não é definitiva, do Tribunal Superior Eleitoral declarando ilegal o desconto em folha de contribuições partidárias dos salários dos servidores que ocupam cargos em comissão na administração pública. "Este é o discurso de quem não quer partidos fortes. Para nós, do PT, proibir não é o fim do mundo porque a obrigação de contribuir com o partido é de todos, com ou sem cargo em comissão", disse o presidente estadual do PT, deputado estadual André Vargas.
O PT ficou conhecido por cobrar rigorosamente dos seus filiados a contribuição partidária, que varia entre 2% a 10% para servidores públicos comissionados, e de 20% sobre o valor líquido dos vencimentos dos seus quadros com mandato.
Para o dirigente petista, ao questionarem a decisão da legalidade do desconto, os tucanos estão demonstrando que preferem fontes clandestinas de financiamento partidário. A consulta à Justiça Eleitoral foi feita pelo deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). "Eles devem ter outras fontes. Nós que precisamos da contribuição dos trabalhadores temos dificuldades em arrecadar R$10 mil. Mas quem recebe ajuda de banqueiro arrecada isso de olhos fechados", disse Vargas.
O presidente do PT afirmou que a sigla não vai à longa por causa da proibição como imaginam os tucanos. "O desconto em folha é só mais uma facilidade operacional. Mas no PT a contribuição é espontânea do filiado. Então, ela continuará sendo feito com ou sem desconto em folha", afirmou o presidente estadual do PT.
O deputado federal Irineu Colombo (PT) acredita que a decisão será reformada pelo Superior Tribunal Federal, instância à qual o partido deve recorrer caso prevaleça a proibição. "É um direito do cidadão contribuir ou não. O STF legisla sobre o ponto de vista do direito do cidadão. E quando o comissionado desconta em folha, ele antes autoriza. Então, é um direito autorizar ou não", comentou.
Para o secretário geral do PFL, deputado estadual Elio Rusch, o desconto em folha sempre favorece o partido que está no poder. "Não deixa de ser uma espécie de financiamento público do partido. Mas antes de entrar no mérito sobre a legalidade ou não da decisão, acho que o aspecto fundamental da medida é que ela traz à tona a necessidade de se discutir com seriedade a reforma política e partidária", comentou. O deputado pefelista acha que o desdobramento principal da decisão, se for confirmada, é que o Congresso Nacional terá que enfrentar o debate sobre o financiamento das campanhas eleitorais.