Foto: Agência Brasil
José Dirceu: ex-ministro e ex-deputado, que foi cassado, está preparando a sua volta.

Dos quatro deputados federais paranaenses do PT, dois deles – André Vargas e Ângelo Vanhoni – são favoráveis à anistia do ex-ministro e ex-deputado cassado José Dirceu, se a tentativa de apresentação de projeto de iniciativa popular a esse respeito for bem sucedida na Câmara dos Deputados.

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Já o deputado Dr. Rosinha entende que antes de discutir anistia é preciso abrir processos na comissão de ética interna do partido para apurar as responsabilidades. Somente depois disso é que se poderia falar em proposta de anistiar Dirceu. E o deputado Assis do Couto, também ligado ao grupo Campo Majoritário, do qual Dirceu é líder, não foi encontrado pela Reportagem de O Estado para falar a esse respeito.

Vargas entende que Dirceu foi julgado politicamente sem nenhuma prova, mas que por enquanto a inclusão de um projeto de anistia na pauta é apenas uma hipótese, já que para ser apresentado é preciso de um por cento do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos cinco Estados. ?Se for apresentado o projeto, com um milhão e meio de assinaturas da população, só posso ser favorável?, declarou.

Embora seja a favor de um projeto que anistie Dirceu, Vargas fez questão de dizer que a busca de assinaturas não será feita pelo PT, mas pelos amigos do ex-deputado cassado. ?Eu não ajudarei a colher assinaturas. Minha tarefa é com o partido. Mas é um direito que ele tem?, disse.

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O deputado federal Ângelo Vanhoni (PT) concorda com Vargas. Segundo Vanhoni, se o projeto de anistia do ex-ministro José Dirceu entrar na pauta de votações da Câmara, ele será favorável. ?Pelo que eu saiba em todo o processo não houve um único elemento de prova que fundamentasse a cassação de Dirceu. Foi uma cassação política?, declarou. Segundo Vanhoni, se houver provas no processo que legitimem a cassação, ele pode mudar de idéia.

Para Rosinha, há a necessidade de se apurar internamente as responsabilidades de filiados em relação aos fatos que provocaram a crise política de 2005. ?Antes de discutir ou cogitar qualquer tipo de campanha de anistia, o PT deve abrir uma comissão de ética para investigar todos aqueles petistas indiciados ou denunciados, inclusive o Zé Dirceu?, disse. ?Somente quando e se for provado internamente que eles não têm culpa de nada, daí pode se discutir a hipótese de tal campanha?, afirmou.

Vontade popular?

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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, disse ontem, em São Paulo, que a ?anistia é, acima de tudo, um ato político?. Mello referia-se ao movimento pela anistia política do ex-deputado José Dirceu (PT-SP). Mello afirmou que a decisão deve ser tomada com base na vontade popular, por intermédio dos deputados e senadores, que são os representantes do povo no Congresso. Integrantes do PT lideram um processo com o objetivo de conseguir o perdão político a Dirceu, mas, para apresentar um projeto no Legislativo, precisam da assinatura de 1,5 milhão de cidadãos.

A eventual aprovação de um projeto de anistia ao ex-deputado José Dirceu arranharia outra vez a imagem do Congresso, mesmo com a nova legislatura, além de desgastar, publicamente, o PT. A opinião é do cientista político Francisco César Pinto da Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, ao delinear o foco de uma nova crise na imagem do partido e do Legislativo, sem comprometimento das tramitações de leis e votações no Parlamento e nem tampouco do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

?O Congresso Nacional, de certa forma, deu uma resposta à sociedade ao punir José Dirceu e, certamente, terá sua imagem, novamente, arranhada se aprovar a anistia?, disse. ?O novo presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), teria de arcar com essa responsabilidade de anistiar Dirceu, prejudicando a imagem dele e do PT?, acrescentou.