A postura do PT do Paraná diante das denúncias de compra de deputados para apoiar o governo na Câmara Federal é o tema da reunião que o deputado estadual Tadeu Veneri (PT) terá hoje, a partir das 19 horas, com os representantes da Região Metropolitana de Curitiba na chapa que encabeça para o diretório estadual, na eleição marcada para 18 de setembro. Candidato à presidência estadual do partido, Veneri acha que o momento é de expor as diferenças existentes entre as várias alas internas.
A crise desencadeada pelas acusações contra o PT abriu a oportunidade de aprofundar e tornar público um debate que já vinha sendo travado internamente no partido, disse Veneri. Essa discussão abrange desde a opção das alianças eleitorais defendida pela atual direção nacional, até o descaso com a formação ideológica dos filiados e a falta de transparência das ações do comando do partido.
"Apurar tudo"
Em São Paulo, o deputado estadual Sebastião Arcanjo dos Santos foi mais longe. Mais conhecido como "Tiãozinho do PT", ele disse ontem que o partido, agora, só tem uma saída para resolver a crise política: apurar tudo. "Tiãozinho" esteve no Assentamento 17 de Abril, onde foi feita a entrega oficial de 245 ligações de energia elétrica. Sobre a situação do presidente nacional da legenda, José Genoino, ele é enfático. "Como falam em Campinas: demorou", afirmou, indicando que Genoino, assim como outros sob suspeita dentro da sigla, deveria ter se afastado do cargo. "Demorou", repetiu.
"Não devemos satisfação a nós mesmos, mas a quem confiou em nós, e muitas pessoas dedicaram a vida pela história do partido", afirmou. "É preciso apurar tudo para recuperar a auto-estima da militância, pois o governo é momento e o partido tem um projeto estratégico de construção da sociedade." Para o deputado estadual do PT de São Paulo, a indefinição da saída do presidente nacional do PT e de outros acusados da agremiação só gerou desgaste. "Tiãozinho" foi além no comentário: "Se tudo o que foi dito (por Roberto Jefferson) é verdade, deveríamos antecipar as eleições, pois, se o principal suspeito diz que todos mentiram, acaba a legitimidade".