Foi publicada hoje no Diário Oficial da União a nomeação do ex-governador do Paraná, Orlando Pessuti, para ocupar uma das cadeiras do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A indicação do ex-governador era uma das nomeações pendentes do PMDB na negociação de cargos na administração federal.
Eleito vice-governador do Paraná em 2002 e reconduzido na mesma posição em 2006, Pessuti sucedeu o senador Roberto Requião (PMDB-PR) à frente do governo do Paraná em 2010, quando o então governador renunciou para concorrer ao Senado. O PMDB vinha cobrando um lugar no governo para Pessuti, que desistiu da reeleição no ano passado para viabilizar a aliança de PMDB e PT em torno da candidatura de Osmar Dias (PDT). A desistência de Pessuti teve a interferência do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor de Dias.
A intenção da aliança era dar um palanque forte para a então candidata à Presidência Dilma Rousseff no Paraná, Estado com forte influência tucana sobre o eleitorado. Dias foi derrotado pelo atual governador, Beto Richa (PSDB), mas a coalizão deu bom desempenho eleitoral a Dilma no Paraná e viabilizou a eleição para o Senado de Requião e da nova ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), esta última recordista de votos.
Curiosamente, a nomeação de Pessuti assinada pela presidente Dilma figura no Diário Oficial de hoje logo abaixo da de Gleisi para a Casa Civil. A indicação de Pessuti para um cargo federal era um pedido do próprio vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). O ex-governador foi sondado para uma posição em Itaipu, mas acabou ficando no BNDES.
Biografia
Filiado ao PMDB, Pessuti tem formação distante da área financeira. É médico veterinário e iniciou sua militância política defendendo os interesses de produtores rurais. No entanto, o cargo que ocupará no BNDES não é executivo. O ex-governador sequer dará expediente no banco.
Ele terá apenas de participar das reuniões regulares do conselho, que acontecem a cada três meses na sede do banco, no Rio. No entanto, reuniões extras podem ser convocadas. Pelo trabalho, que envolve também a leitura de relatórios e emissão de pareceres, cada conselheiro recebe remuneração de R$ 5.506,43 mensais. O mandato de três anos admite apenas uma recondução.
O conselho de administração do BNDES é um colegiado de caráter fiscalizador e consultivo, que estabelece as principais diretrizes da atuação do banco. O conselho tem onze membros, nomeados pela presidente da República, além da presidência, que é ocupada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. No entanto, tinha três cadeiras vagas desde o começo do governo. São cargos cuja nomeação depende de indicação de Pimentel.
Com a confirmação de Pessuti, que já tinha sido informado da definição há mais de um mês, as outras duas vagas continuam alimentando as negociações políticas entre o governo e aliados. Os ministros do Planejamento, Miriam Belchior, e do Trabalho, Carlos Lupi, também têm assento no Conselho do BNDES. O Ministério da Fazenda também tem um representante. Como representante da indústria, participa o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ocupa a vice-presidência do conselho sem mandato definido.