O governador Roberto Requião disse ontem que o vice-governador Orlando Pessuti terá que enfrentar a ala lernista do PMDB para conseguir ser candidato ao governo no próximo ano.
Em entrevista concedida antes de participar da abertura do Encontro Regional da União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale), pela manhã, em Curitiba, Requião afirmou que vê em Pessuti o nome que poderia dar continuidade às políticas de seu governo, mas admitiu que o vice-governador precisa estes setores na convenção do partido.
Para o governador, os obstáculos de Pessuti estão nos grupos internos que definiu como “ligados ao esquema do Lerner, antigo, de desvio de dinheiro público, de benesses, de escândalos passados”.
Requião observou que o PMDB não é uma força uniforme. “É no próprio PMDB, o partido não é hermético, é um partido que tem correntes que estão ligadas a outras tendências. Acho muito ruim isto”, disse.
Requião se referiu ao vice-governador como “disparadamente” o melhor entre os nomes que se apresentaram, até agora, para concorrer à sua sucessão. Sobre seu apoio para que Pessuti consolide a candidatura, o governador disse que virá quando deixar o governo.
“Não acho apropriado iniciar uma campanha, principalmente como governador, antes do momento em que me desincompatibilize, por exemplo, e que as convenções coloquem os candidatos. Primeiro tem a convenção do partido. Aí nós vamos ver como é que o partido se coloca”, afirmou.
A tentativa do presidente Lula de reproduzir no Paraná o arco de alianças nacional não tem chances de prosperar, disse Requião. E um acordo estadual com o PT somente ocorrerá se o partido do presidente concordar em apoiar a candidatura do PMDB.
“Não vejo caminho porque o PMDB resolveu que vai ter candidato, então não tem aliança nacional. Agora, ela é possível se a base do PT apoiar o PMDB”, afirmou. Mas não arriscou um palpite sobre as possibilidades desse acordo. “No ano que vem tudo se esclarece. Este ano é cedo”, disse.
Sobre a sucessão presidencial, Requião repetiu as críticas à direção do partido que fechou o pré-acordo para apoiar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à presidência da República.
“Estes acordos sem base programática são feios”, afirmou o governador que quer trazer o presidente da Câmara, Michel Temer, para debater o assunto, em Curitiba. “Nós vamos iniciar aqui uma discussão para que o PMDB tenha um programa para o país. Tendo um programa ele decide se tem candidato próprio ou se compõe, mas em cima de um programa, não de um compromisso de empregos, cargos e benesses. Fica feio isto”, afirmou.
Apesar das conversas frequentes com os tucanos pré-candidatos à sucessão de Lula, o governador de São Paulo, José Serra, e com o governador mineiro Aécio Neves, o governador do Paraná garante que os temas são administrativos e não enveredam para o campo eleitoral.
Requião disse que não considera “viável’ o apoio ao PSDB na sucessão presidencial. “Não vejo muito viável este tipo de apoio. Acho que o PMDB antes de tudo lançar um programa, diretrizes de governo, que seja um avanço em relação ao bom governo do Lula”, afirmou.