Pesquisa pode ter trazido alívio ao PT, diz Carlos Melo

O resultado da pesquisa de intenção de votos da Confederação Nacional da Indústria e Ibope (CNI/Ibope) divulgada na manhã desta quinta-feira, 19, deve ter trazido para a presidente Dilma Rousseff e para o Partido dos Trabalhadores (PT) algum sentimento de alívio, disse ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, o cientista político e professor do Insper, Carlos Melo. Em termos gerais, segundo ele, a pesquisa não trouxe novidades em relação as levantamentos anteriores. Mas é justamente essa falta de novidade que pode ter se refletido em alívio para o governo já que mostrou aumento de 1 ponto porcentual, de 38% para 39%, nas intenções de votos na presidente Dilma. Isso se deu num ambiente em que algumas vozes dentro do próprio PT encamparam o coro “volta Lula” e imediatamente após a presidente Dilma ter sido xingada por torcedores na abertura da Copa do Mundo de Futebol.

“As pesquisas estão sendo coerentes”, disse Melo. Para ele, neste momento de Copa do Mundo, em que a campanha ainda não saiu de fato para as ruas, a intenção de levantamentos sobre intenção de votos neste ou naquele candidato é saber se Dilma tem condições de se viabilizar candidata para ganhar a eleição. “E o que as pesquisas têm mostrado é que ela tem condições de ganhar a eleição, ainda que não no primeiro turno”, disse o cientista político. Isso, de acordo com Melo, se deve muito ao fato de a Copa do Mundo não ter confirmado o desastre e o caos que muita gente esperava que seria o mundial de futebol, sediado pelo País.

“A imagem da presidente não foi abalada. Temos de esperar o fim da Copa e o começo pra valer da campanha eleitoral para ver se as pesquisas vão se mexer”, disse Melo. Para ele, os xingamentos à presidente Dilma no Estádio do Itaquerão vieram de pessoas que pagaram “R$ 5 mil reais nos ingressos e de mulheres que usavam bolsas da Chanel nos camarotes”, que não representam a população brasileira. “Torcida de campo de futebol não representa a população brasileira nos jogos do Brasil nem nos jogos do Corinthians”, argumentou o cientista político. Além disso, afirmou Melo, nem foi a totalidade do estádio que dirigiu palavras de baixo calão à presidente da República.

“Dilma não saiu desmoralizada porque aquelas pessoas não representam o Brasil e os candidatos de oposição até tentaram surfar nesta onda no primeiro momento, mas se deram mal. Por isso, a pesquisa CNI/Ibope mostra mais um pouco do mesmo. Dilma na frente, mas longe de vencer a eleição no primeiro turno, e o Aécio Neves se consolidando no segundo turno”, disse Melo.

Para ele, na maioria das vezes em que se agride um governante publicamente, o efeito se mostra contrário. Melo lembrou que, em 1988, a eleição para governador de São Paulo já estava perdida para o então governador Mário Covas. Num protesto de professores na Praça da República, liderado pelo PT, alguém jogou uma pedra na cabeça do governador e ele ganhou a eleição.

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