De acordo com a Polícia Federal, o resultado do exame dos restos mortais de Osvaldo Magalhães sai em três meses. |
O corpo do ex-secretário e ex-presidente da Banestado Leasing, Osvaldo Magalhães dos Santos, foi exumado ontem pela manhã no cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba. O material recolhido por peritos da Polícia Federal de Brasília e dois médicos gaúchos será submetido a exame de DNA e de arcada dentária no Instituto Geral de Perícia de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os pais do ex-secretário também se submeteram a exames na superintendência da Polícia Federal para que possa ser feita a comparação do DNA.
O diretor técnico-científico do Departamento da Polícia Federal, Geraldo Bertollo, disse que não é possível precisar o prazo para a divulgação do resultado dos exames de DNA. Em média, esse gênero de exame leva três meses para ficar pronto. Bertollo coordenou os trabalhos que começaram às 10h e somente foram concluídos depois das 14h. Todas as etapas da exumação foram acompanhadas pelo juiz da 2.ª Vara Criminal Federal, Sérgio Moro, que autorizou o procedimento a pedido da CPI do Banestado.
Os exames irão demonstrar se o corpo pertence ao ex-presidente da Banestado Leasing, morto num acidente de automóvel em 7 de setembro de 1998, na rodovia entre Curitiba e Palmeira. A CPI levantou suspeitas sobre a identidade do cadáver após constatar diversas falhas nos procedimentos do Instituto Médico Legal de Curitiba e no Instituto Médico Legal de Ponta Grossa. O acidente mutilou o rosto do ex-secretário, que foi sepultado em caixão lacrado. Osvaldo é apontado na CPI como um dos envolvidos em operações irregulares na Banestado Leasing.
A exumação foi acompanhada por um grupo de vinte e três pessoas. Entre elas, o presidente da CPI, deputado Neivo Beraldin (PDT), o relator, Mário Sérgio Bradock (PMDB), e familiares do ex-secretário – o pai, dois filhos e a viúva. A Polícia Federal montou um esquema de segurança reforçado nos portões de acesso ao cemitério. A imprensa, por determinação judicial, não pôde assistir à exumação.
O caixão foi retirado do túmulo por coveiros do Cemitério Parque Iguaçu. Em seguida, foi levado para uma das capelas do cemitério, onde os peritos da Polícia Federal e os médicos fizeram a extração do material. De acordo com Bortollo, foi retirada toda a arcada dentária e fragmentos de ossos.
Incidente
No início dos trabalhos, houve um conflito entre o ex-deputado Joaquim dos Santos Filho, pai do ex-secretário, e o deputado Bradock, autor do pedido de exumação na CPI. Santos Filho ficou irritado com o fato de o deputado estar armado e o chamou de “bandido”. O deputado, que também é delegado, reagiu e disse que “prefiro ser bandido, mas não sou ladrão”. O relator da CPI afirmou ainda que a exumação “certamente é um ato antipático” , mas que estava cumprindo seu papel de deputado.
O advogado da família, Roberto Bertholdo, disse que os pais de Osvaldo somente irão se pronunciar sobre o caso após a divulgação do resultado dos exames. Bertholdo afirmou que a família está sofrendo com o episódio, mas que desde o início se colocou à disposição do juiz para colaborar com o processo e esclarecer o caso.
Motorista acompanha trabalho
O motorista João Agenor da Silva, que dirigia o caminhão que se chocou com o Ômega de Osvaldo Magalhães dos Santos, foi ontem ao Cemitério Parque Iguaçu, onde foi realizada a exumação do corpo do ex-secretário e ex-presidente da Banestado Leasing. “Vim aqui só por curiosidade”, justificou o motorista, que move uma ação indenizatória contra a empresa proprietária do Ômega, alugado pelo governo do Estado.
No acidente, Silva perdeu 95% da visão do olho esquerdo e não tem mais condições de exercer sua profissão. Ele afirmou que não conhecia o ex-secretário e que no dia do acidente, foi removido rapidamente para o Hospital de Palmeira e em seguida, para o Hospital Evangélico em Curitiba, onde ficou internado por vários dias. “Não tenho nada a contar sobre esse caso, mas fiquei curioso para ver o que está acontecendo”, disse.