O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Marcos Camargo, manifestou, neste sábado, 7, apoio ao atual diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, “fritado” pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A saída do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, já é dada como certa pela corporação. Nos bastidores, a PF avalia que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi “emparedado” pelo presidente Jair Bolsonaro, vem sofrendo sucessivas derrotas no governo e perderá de vez o poder de comando se não tiver carta branca para indicar o substituto de Valeixo.
O Estado apurou que só o que falta, agora, é acertar a data da dispensa do diretor-geral, que tem férias de dez dias marcadas para a próxima segunda-feira.
“Diante das especulações sobre eventual troca na direção-geral da Polícia Federal, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) manifesta total apoio, respeito e reconhecimento da perícia criminal federal ao trabalho sério e independente que tem sido realizado pelo atual diretor-geral, Maurício Valeixo”, reagem os peritos.
Eles afirmam que, “atuando com isenção e liberdade, de forma republicana, a instituição tem mostrado princípios maiores e visão de futuro, fazendo aquilo que tem sido sua bandeira: a integração de forças para combater o crime organizado e os corruptos, o que tem permitido o amplo reconhecimento da população”.
“A prerrogativa de mudar a direção da PF não pode dar ao Executivo carta branca para destituir, em poucos meses e sem critérios objetivos, o atual dirigente máximo do órgão. O respeito à instituição é fundamental para sua efetividade no combate ao crime, doa a quem doer. Mesmo que os eventuais nomes aventados para assumir o cargo sejam qualificados, acreditamos ser necessário investir na continuidade do bom trabalho que vem sendo realizado”, ressaltam os peritos.
“Ainda que administrativamente ligada ao Executivo e ao Ministério da Justiça, a PF, com sua autonomia, tem atuado com efetividade contra o crime organizado violento e do colarinho branco. Essa independência em relação aos ocupantes de cargos eletivos e políticos foi determinante para que fossem obtidos, nos últimos anos, excelentes resultados em benefício da sociedade, como na Operação Lava Jato, que já investigou, inclusive, integrantes de partidos antagônicos”, conclui.
Na prática, a cúpula da PF está alarmada com a interferência do presidente nos trabalhos internos desde que ele anunciou a saída do superintendente da corporação no Rio, Ricardo Saadi, no dia 15 de agosto.
Na época, a resistência de Valeixo em aceitar o nome sugerido por Bolsonaro, o do delegado superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, acabou por colocá-lo na mira do presidente. “Se eu não posso trocar o superintendente, posso trocar o diretor-geral”, afirmou Bolsonaro, na ocasião.