O perito Domingos Tochetto voltou a defender nesta quinta-feira, 09, a tese de que a namorada de Paulo César Farias, Suzana Marcolino, não cometeu suicídio, mas foi assassinada. No quarto dia de julgamento dos quatro réus acusados de envolvimento na morte do casal, o perito afirmou que a ausência de sangue na arma e de material metálico nas mãos de Suzana indica que ela não empunhou o revólver encontrado no local do crime.
Domingos Tochetto foi responsável na época, junto com o colega Daniel Muñoz, pela contestação do laudo do legista Fortunato Badan Palhares, que defende a tese de crime passional, a mesma da polícia alagoana. Já o Ministério Público Estadual acusa os policiais militares Reinaldo Correia de Lima Filho, Adeildo Costa dos Santos, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva de omissão na morte do casal, já que trabalhavam como seguranças de PC Farias e não impediram o crime.
Em seu depoimento, Tochetto revelou que o método utilizado pela perícia alagoana para investigar vestígios de pólvora nas mãos de Suzana Marcolino é falho. Além disso, segundo ele, a água utilizada para colher o material contém três dos quatro elementos encontrados nas mãos de Suzana. “Com exceção do cloro, a composição química da água utilizada na perícia traz alumínio, enxofre e potássio, todos encontrados nas mãos de Suzana e de Paulo César Farias. E não são resíduos de tiro”, explicou.
Domingos Tochetto disse ainda que o nitrito – elemento químico provocado por queima da pólvora – encontrado tanto nas mãos de Suzana como nas de Paulo César Farias pode ter origem em outros elementos como cigarro ou saliva. “Para ser oriundo de tiro, seria preciso encontrar a existência de chumbo, bário e antimônio, elementos que não foram encontrados nas mãos dela”, afirmou.
Na quarta-feira, 08, Badan Palhares lembrou indícios que, para ele, confirmam a tese de crime passional, como o fato de o casal estar sozinho no quarto e Suzana ter motivos para matar PC Farias em razão de brigas conjugais.
O crime
PC Farias e Suzana Marcolino foram encontrados mortos a tiros no dia 23 de junho de 1996, na casa de praia do empresário, em Guaxuma, no litoral Norte de Alagoas. A tese sustentada pela defesa dos policiais militares é a mesma da polícia alagoana, de que Suzana matou PC Farias e depois cometeu suicídio.
O Ministério Público considera o caso como “queima de arquivo”. O empresário foi tesoureiro da campanha de Fernando Collor (PTB), era réu em processos por crimes financeiros e foi o centro das denúncias de corrupção que resultaram no impeachment de Collor.