O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), afirmou hoje que não via Carlinhos Cachoeira como contraventor quando lhe telefonou para cumprimentá-lo pelo seu aniversário e nas vezes em que se encontraram pessoalmente. O tucano disse que via Cachoeira como dono de um dos maiores laboratórios farmacêuticos da região Centro-Oeste, o Vitapan. “Eu não estava telefonando ali para um contraventor, mas para um empresário que atuava no ramo de produção de medicamentos”, disse o governador.

continua após a publicidade

O nome de Cachoeira, contudo, não consta dos registros oficiais da empresa, registrada em nome da ex-mulher e de um ex-cunhado. Perillo, que depõe na CPI que investiga as relações de Cachoeira com políticos, afirmou que o empresário tinha livre trânsito na classe política goiana. No entanto, não se incluiu nesse grupo.

“Nunca mantive nenhuma relação de proximidade com o empresário Carlos Cachoeira. Embora fosse ele uma pessoa de livre trânsito com políticos do meu Estado, com a sociedade, com as elites, porque ele era uma pessoa rica”, disse o governador goiano. Em 14 de maio, a Folha de S.Paulo mostrou que Perillo atuou diretamente para evitar uma ruptura com Cachoeira.

O empresário se revoltou com decisões do governo do tucano, e, em julho, mandou recados por meio do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), do auxiliar Wladimir Garcez e do ex-presidente do Detran Edivaldo Cardoso, no sentido de que “largaria de mão” o governo Perillo. Depois, o tucano buscou fazer um acordo com o empresário, conforme indicam gravações telefônicas realizadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.

continua após a publicidade

No início de seu depoimento, Perillo se disse vítima de injustiças e criticou a publicação de reportagens, segundo ele, descontextualizadas. “Não conheço algo parecido no país desde que reconquistamos a democracia”, disse. O governador chegou a se comparar aos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart.