O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, e a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, criticaram hoje a imprensa e afirmaram que o Judiciário tem de mostrar para a sociedade como trabalha, para se defender das críticas que sofre.

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“É preciso avaliar, explicar e expor à opinião pública, e essa parece que tem sido uma tarefa que nem sempre o Judiciário brasileiro consegue desempenhar, a de explicar à opinião pública o que faz, de não ouvir passivamente aquilo que a opinião pública, mediante a mídia, pensa sobre o Judiciário”, afirmou Peluso.

“O ministro Peluso disse muito bem, que nós precisamos calar a imprensa que tanto vem falando sobre a atuação do Judiciário. Mas calar a imprensa não é com discurso. Nós só podemos mudar esse jogo apresentando números e trabalho”, disse Eliana. Horas depois, a corregedora explicou o uso da expressão “calar a imprensa”: “A minha fala foi no sentido de dizer aos juízes que as críticas da imprensa só podemos reverter mostrando resultados positivos e, dessa forma, a imprensa não terá mais o que falar”.

Os dois reagiram à reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre o fato do Judiciário ter descumprido metas de julgamento fixadas no ano passado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mesmo tendo gastado mais. Levantamento divulgado pelo CNJ, órgão que também é presidido por Peluso, mostrou que o Judiciário não conseguiu cumprir a meta de economizar nos gastos com papel, luz, água, combustível e telefone. Ao contrário, os gastos aumentaram.

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Para Peluso, “os números não podem ser considerados em si mesmos”. O presidente do STF e do CNJ disse que é importante mostrar para a opinião pública o que existe por trás desses números. Ele observou que a Justiça brasileira depende de condições materiais que nem sempre estão à disposição.

“Não é possível considerar os números de modo absoluto. É preciso perceber como eles espelham um trabalho que eu diria extraordinário da magistratura brasileira e a tentativa de resolver problemas que são praticamente insolúveis em curto prazo, que não dependem apenas do esforço da magistratura, mas dependem de condições materiais nem sempre presentes e cuja responsabilidade não é do Poder Judiciário”, afirmou.

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“Basta imaginar, por exemplo, como é possível conciliar metas que proponham redução de certos insumos quando, ao mesmo tempo, outras metas impõem um trabalho maior e, portanto, maior desgaste e maior consumo desses mesmos insumos”, afirmou. Segundo ele, seria oportuno incluir entre as metas deste ano impor aos tribunais que abram canais de comunicação com a sociedade brasileira.