Pela 3ª vez, PF pede mais tempo para caso Erenice

Uma semana depois que a sindicância do governo terminou sem apontar culpados pelo escândalo do tráfico de influência na Casa Civil, atribuído a filhos e assessores da ex-ministra Erenice Guerra, a Polícia Federal (PF) anunciou que vai pedir mais 30 dias de prazo para concluir suas investigações sobre o caso. Até agora foram ouvidas 42 pessoas, entre as quais empresários que confirmaram extorsão e pagamento de propina na intermediação de contratos com o governo, mas ninguém foi indiciado. Esse é o terceiro pedido de prorrogação do inquérito, aberto em setembro.

O inquérito será remetido à Justiça na segunda-feira, com pedido de parecer do Ministério Público (MP), que estipulará um prazo para conclusão das investigações. Os indiciamentos, conforme a PF, só serão analisados na próxima fase, após a conclusão das perícias nos computadores, análise dos e-mails dos servidores envolvidos no escândalo e a tomada de novos depoimentos. Dos 15 computadores da Casa Civil que foram espelhados, apenas cinco estão com laudos prontos.

Pelo menos mais vinte pessoas serão interrogadas na etapa final, entre elas servidores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), nas quais os filhos da ministra, Israel e Saulo Guerra, além do ex-assessor Vinícius de Oliveira Castro, teriam feito lobby para beneficiar negócios privados.

Também serão ouvidos novamente executivos e empregados da MTA Linhas Aéreas, que teve seus negócios ampliados nos Correios, supostamente com a ajuda dos filhos da ministra, mediante propina. Saulo e Israel negaram as acusações em seus depoimentos.

O delegado Roberval Vicalvi, titular da investigação, quer também trazer para o inquérito o relatório que a Controladoria-Geral da União (CGU) está fechando sobre contratos firmados com o governo sob suspeita de intermediação dos dois.

Denúncias

Conforme as investigações, Israel e Saulo, à frente da empresa de consultoria Capital, teriam intermediado vários negócios de empresas privadas com os Correios e outros órgãos públicos mediante pagamentos mensais e uma taxa de sucesso de 5%. O empresário Fábio Baracat, representante da MTA, disse em depoimento que parte do dinheiro iria para saldar compromissos políticos de membros do governo.

O escândalo derrubou Erenice do cargo e forçou o segundo turno na eleição presidencial. Erenice sucedeu no cargo a ex-ministra e presidente eleita Dilma Rousseff, de quem era braço direito desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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