Os impasses internos do PMDB, PSDB e PDT nas articulações para a sucessão estadual foram expostos na sessão de ontem, 18, na Assembléia Legislativa. Em discurso na tribuna, o líder do PDT na Assembleia Legislativa, deputado Luiz Carlos Martins (PDT), colocou o dedo na ferida ao cobrar coerência política de aliados e adversários nas negociações para a formação de alianças para a eleição ao governo no próximo ano.
No pronunciamento, Martins mandou recados a peemedebistas e tucanos. “Nós fomos para o palanque juntos. Foi tudo de brincadeira? Se foi, tem que rever o caminho político”, afirmou Martins, expressando o incômodo dos pedetistas com a aproximação entre tucanos e peemedebistas em torno de uma possível candidatura do prefeito Beto Richa (PSDB) ao governo do Paraná.
Sem citar nomes, o líder do PDT mencionou aqueles que “estão costeando a cerca do Canguiri”, numa referência aos tucanos que apoiam o governador Roberto Requião (PMDB), que costuma receber seus aliados na granja, a residência oficial do governo.
Mas também mandou suas mensagens indiretas para os peemedebistas que cortejam o tucano, ao afirmar que, na sua condição de deputado que faz oposição ao governo, jamais teria coragem de passar por cima das críticas que faz ao governador.
“Em nome da preocupação com a minha eleição, eu não tenho coragem de olhar para o Requião e dizer que ele é maravilhoso, lindo. Tem gente que dizia que o Pessuti era um gordo, que não cantava bem, e agora passou a dizer que ele é roliço, bonito, canta e declama como ninguém”, atacou.
Identidade
O deputado estadual Nereu Moura atuou como porta-voz do PMDB. Disse que o partido terá candidatura própria ao governo e que o escolhido é o vice-governador Orlando Pessuti.
Mas que não existem “empecilhos intransponíveis” para que sejam feitas conversas com pedetistas e tucanos para um projeto político. “O senador Osmar Dias foi eleito pela primeira vez pelo PMDB. A história do Beto Richa também tem a ver com o PMDB. No último mandato que exerceu, o José Richa pai foi eleito pelo PMDB”, disse.
Moura disse que o PMDB está sendo tratado como o “patinho feio” da sucessão, mas que vai virar o jogo. “Um partido com a expressão do PMDB, com a militância e o patrimônio que tem, não pode ter medo de disputar eleição”, afirmou.
Veneri quer saber
A brecha para o discurso de Martins foi um pronunciamento do deputado Tadeu Veneri (PT) anunciando que vai pedir ao Ministério Público Estadual que apure se a empreiteira envolvida na denúncia de irregularidade em contrato para recapear ruas com a prefeitura de Curitiba executa obra do PAC na capital ou algum município da região metropolitana.
A empresa, do presidente municipal do PP, Alberto Klaus, teria apresentado documentos falsos para participar da licitação. O PP foi um dos partidos da coligação de apoio à reeleição de Beto.
Martins disse que os aliados do prefeito deveriam ajudá-lo a se defender no momento em que ele está na “vitrine” política. “Se existem falhas na prefeitura de Curitiba, os culpados devem ser responsabilizados. Mas nós não vamos nos esconder diante de números visíveis”, afirmou.
Ele destacou que os aliados de Beto na reeleição têm que se posicionar. “Nós que apoiamos a reeleição do Beto e que gostamos de Curitiba, temos que ter a coragem de defender a transparência. Se estivesse acontecendo tudo isso com o Osmar (Dias), o Rossoni viria à tribuna”, afirmou.