Depois de três meses de exílio político voluntário, o senador Alvaro Dias (PDT) retoma esta semana em Curitiba suas atividades políticas. Alvaro só reassume sua cadeira no Senado em março, mas o simples retorno do pedetista desencadeou uma discussão interna no PDT sobre seu futuro político após a derrota para o peemedebista Roberto Requião na disputa pelo governo do Estado no segundo turno da eleição do ano passado.
Uma das possibilidades levantadas é que Alvaro, que tem mais quatro anos de mandato no Senado, venha a disputar a Prefeitura de Londrina (seu domicílio eleitoral), no próximo ano. E ainda mais: o senador já discutiu até mesmo uma nova candidatura ao governo em 2006.
O deputado estadual Barbosa Neto (PDT) foi o portador da novidade, já que Alvaro não fala com a imprensa desde o final de novembro. Barbosa Neto afirmou que conversou com o senador no início da semana e que foi sondado sobre a possibilidade de ser o candidato a vice de Alvaro nas eleições municipais em Londrina. “Tem gente no partido que duvida desta possibilidade, mas o senador me falou sobre isso, perguntando se este projeto teria o meu apoio e se eu gostaria de ser o vice na chapa. Eu tenho o sonho de ser prefeito de Londrina mas, para o Alvaro, eu abro mão a qualquer tempo”, disse.
Barbosa Neto disputou a Prefeitura de Londrina em 2002, mas perdeu a disputa no segundo turno para Nedson Micheletti (PT). O deputado pedetista disse que vai voltar a conversar com o senador para amadurecer a discussão. Ele afirmou que Alvaro também disse que a partir da Prefeitura de Londrina, pode alimentar planos de uma segunda disputa para o governo.
Fôlego
Pedetistas que ainda não tiveram a oportunidade de conversar com o senador após as eleições são cautelosos nos palpites sobre seu futuro político. “Saber recomeçar é uma virtude de poucos”, afirmou o deputado estadual Augustinho Zucchi, um dos pedetistas próximos de Alvaro. Zucchi não confirma a hipótese, mas também não descarta uma volta de Álvaro como candidato a prefeito em 2004. O deputado lembra que a Prefeitura de Londrina é o segundo colégio eleitoral do Estado e que tem um peso político expressivo.
Outros pedetistas mencionam ainda que Alvaro tem uma capacidade acima da média de sobreviver aos reveses de sua carreira política. Lembram que o senador deixou o governo do Estado, em 1990, e ficou oito anos sem mandato. Mesmo assim, obteve a vitória na disputa pelo Senado, em 1998. O senador também deu a volta por cima em 2001, depois de ser obrigado a deixar o PSDB. Filiou-se ao PDT, um partido pequeno e quase sem tempo no horário eleitoral gratuito, mas conseguiu chegar ao segundo turno das eleições do ano passado.
Eleição é desafio para alianças
Fabiane Prohmann
Faltando mais de um ano para as eleições municipais, a discussão dos nomes dos possíveis candidatos já movimenta os bastidores políticos. Isso porque quase todos os partidos pretendem lançar candidato próprio, deixando de lado alianças que foram formadas para as eleições estaduais do ano passado. Diversos nomes estão em cogitação e as ações em âmbito intrapartidário, como os processos de recadastramento de filiados e a realização de convenções visam a partir de agora a conquista das prefeituras municipais. Em Curitiba, PMDB e PT saíram na frente e deram início não só ao recadastramento mas também a atração de novos filiados.
Os dois partidos formaram a aliança que garantiu a eleição de Roberto Requião no ano passado. Mas podem tomar caminhos diferentes este ano. Ambos já manifestaram a intenção de lançar candidaturas próprias. E não apenas na capital, mas nas principais cidades do Estado. Na tentativa de prolongar a aliança, o deputado estadual André Vargas, presidente regional do PT, acredita que em Curitiba ainda é possível um entendimento entre as legendas. No PMDB o nome natural é o do deputado federal Gustavo Fruet, atualmente respondendo pela presidência do diretório estadual. Gustavo foi o parlamentar mais votado do PMDB na capital e já foi cotado para a disputa na eleição de 2000, quando acabou perdendo a indicação para Maurício Requião.
Do lado do PT o grande nome é o atual líder do governo na Assembléia Legislativa, o deputado Ângelo Vanhoni, que concorreu com Cássio Taniguchi (PFL) em 2000 e foi a grande surpresa ao levar a disputa para o segundo turno e perder por um diferença pequena de votos. “O Vanhoni é o candidato natural à Prefeitura. O ideal é compor em todo o Estado, mas a definição vai depender de pesquisas e bom senso”, avalia André Vargas..
Já em Londrina e Foz do Iguaçu a disputa é praticamente inevitável. A deputada estadual Elza Correia (PT) e o secretário estadual do Meio Ambiente Luis Cheida (PMDB) são pré-candidatos à Prefeitura em Londrina, e em Foz do Iguaçu o candidato petista será Dilton Vitorassi, primeiro suplente de André Vargas. No entanto atualmente a cidade é governada por Sâmis da Silva (PMDB), que provavelmente será candidato à reeleição, com o importantísimo reforço do pai, o deputado estadual e ex-prefeito do município, Dobrandino Gustavo da Silva.
Segundo o deputado Gustavo Fruet, o partido tem como objetivo, aumentar seus quadros em todo o Paraná. “O PMDB tem que atrair novas lideranças para disputar as eleições, mas para isso tem que ouvir os diretórios municipais”, disse. “Queremos assegurar a maioria na Assembléia e ter quadro para disputar as próximas eleições.”
Ele também garante que o partido pretende manter o bom relacionamento com o PT. “Temos que administrar esta questão e por isso devemos buscar o diálogo, para não termos problemas. Tudo isso tem que ser feito com transparência e clareza para evitarmos atritos desnecessários”, afirma.
Disputa
Para o vereador Mário Celso Cunha (PSB), ex-líder do prefeito na Câmara, a disputa para a sucessão de Cássio Taniguchi já começou. “No âmbito de Curitiba, a situação ficou bem clara com a recente reforma provocada pelo Cássio”, disse. “Só o prefeito está sabendo como mexer nas peças deste jogo, pois algumas alterações sugerem uma reflexão maior. Mas tudo se encaminha para fortalecer seu grupo político para as próximas eleições”, analisou.
De acordo com o vereador alguns nomes já estão sendo colocados como possíveis candidatos com o apoio do PFL, casos de Beto Richa (PSDB), Luciano Pizzatto (PFL), João Cláudio Derosso (PSDB), e até mesmo a primeira-dama, Marina Taniguchi (PSDB). “Nenhum deles é o favorito, pois pode surgir um nome fortíssimo e provocar surpresa em muita gente”, opinou. Ainda de acordo com Mário Celso, o nome de Jaime Lerner permanece como uma reserva importante, já que, segundo ele, o ex-governador continua sendo o grande eleitor de Curitiba. “Mas o Lerner não confirma esta possibilidade”, admite.
Com relação à oposição a Taniguchi, o vereador acredita que o governador Roberto Requião (PMDB) terá um papel fundamental. “Deste lado existem fortes candidatos, como é o caso do Fruet, Vanhoni, Maurício Requião (PMDB) e Rubens Bueno (PPS)”. Mário Celso disse que ainda estão na disputa o ex-prefeito Rafael Greca (PFL), além de candidatos de pequenos partidos. “E o PSB poderá surpreender com candidatura própria e fechar um acordo político que pode sacudir Curitiba e Região Metropolitana”.