PDT deixa tucanos e se alia ao PT paulista

No momento em que negocia nacionalmente o apoio do PDT para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) ou ao governador Eduardo Campos (PSB), que também deve estar na disputa em 2014, o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, decretou o rompimento do partido, em São Paulo, com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a aproximação com o PT no Estado.

“Não vamos pegar leve com o Geraldo. O PDT está indo para a oposição clara e nítida ao governador”, disse ele ao Estado. Com a saída de Paulinho da Força do partido para fundar o Solidariedade no fim de setembro, Lupi, que é presidente nacional do PDT, assumiu também o comando da sigla em São Paulo.

Na última quinta-feira, ele reuniu a nova executiva estadual trabalhista para inaugurar a nova sede do PDT e dar início ao processo de transição. “O acordo do PDT com o Alckmin foi feito pela figura do Paulinho (deputado Paulo Pereira da Silva) como presidente da Força (Sindical)”, explicou.

Questionado sobre a aproximação com os petistas, que devem lançar o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo de São Paulo, Lupi afirmou que pretende contar com um nome próprio na campanha, mas deixou uma porta aberta: “O PT não é nosso adversário, pelo contrário. O caminho natural é uma aliança com eles no segundo turno”.

O ex-ministro afirma, ainda, que os dois partidos terão o mesmo foco na campanha: atacar a gestão Alckmin. “O lançamento da candidatura do deputado Major Olímpio ao governo foi para demonstrar claramente esse rompimento com o Alckmin. Nossa bandeira será um tema no qual o governo dele é muito frágil: a segurança pública. Segundo pesquisas que fizemos, esse é o ponto mais fraco dos tucanos”.

Abandono. Durante o evento da semana passada, a gestão de Paulinho da Força à frente do PDT paulista foi duramente criticada. “O partido estava em uma situação próxima ao caos. Estava abandonado”, disse ele.

“A direção não estava zelando nem pelo patrimônio. Quando o Brizola convidou o Paulinho para entrar no partido, em 2002, ele dizia que o trabalhismo precisa ter um braço sindical organizado. Ao longo dos anos, porém, foi o PDT que virou o braço partidário da Força. Isso deformou o partido no Estado”.

Sobre a posição a ser adotada pelo partido em 2014, o dirigente afirma que existe uma tendência de aproximação com a presidente Dilma Rousseff, mas deixa o caminho aberto também para Eduardo Campos (PSB). “Não existe alinhamento automático na política. Tenho um diálogo permanente com o governador Eduardo Campos e o PSB tem diálogo histórico com o PDT. Na política, quem descarta hipóteses se isola, e nós não queremos ficar no isolamento.”

Em 2011, Lupi deixou o governo Dilma após denúncias de irregularidade na pasta. Apesar disso, o ministério continuou na “cota” do PDT.

Com a saída de Paulinho da Força, o partido perdeu totalmente a influência que tinha na Força Sindical e, também, os cargos que tinha no governo paulista . Na nova direção do PDT paulista não há nenhum remanescente do grupo anterior.

A volta depois da “faxina”

Chamado em 2007, ainda no governo Lula, para o Ministério do Trabalho, o então presidente do PDT Carlos Lupi foi mantido no posto pela presidente Dilma Rousseff. Sua sorte, no entanto, começou a mudar em novembro de 2011 quando, diante do envolvimento de subordinados diretos seus em repasses irregulares para ONGs, e seu acúmulo de cargos no governo e no partido, a Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou sua exoneração.

“Só saio se for abatido a bala”, reagiu então. Depois recuou e disse um “Dilma, eu te amo”, mas não adiantou: a 4 de dezembro de 2011 ele deixou o posto, que foi ocupado interinamente pelo secretário executivo Paulo Roberto Pinto.

Só em maio de 2012 foi que o sucessor de Lupi, Brizola Neto, conseguiu tomar posse. Adversário de Lupi, que se fortaleceu no PDT, o novo ministro não resistiu no cargo. Em março passado, Brizola Neto teve de sair, dando lugar a um aliado de Lupi, o pedetista gaúcho Manoel Dias. Em agosto, a PF denunciou novas fraudes e Dias suspendeu a maioria dos convênios. Lupi, apesar disso, continua forte no ministério. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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