Com a pauta repleta de projetos para ser votados ainda este ano, os vereadores de Curitiba estão sendo obrigados a fazer sessões extraordinárias para conseguir votar tudo antes do Natal. Na segunda-feira, a sessão durou 16 horas, e foram votados 21 projetos. Um dos principais, o orçamento para 2004, continua na espera.

Apesar dos protestos da oposição, que alega ter sido estratégia da Prefeitura apresentar os projetos nos últimos dias para evitar maiores discussões, tudo o que está na pauta terá que ser votado ainda este ano, mesmo que para isso tenha sessão no sábado. ?Eles estão fazendo uma operação tartaruga?, afirmou o presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB). ?Não tinha como apresentar antes estes projetos, e não está sendo nada produtiva esta atitude de atrasar as votações.? Para ele, a intenção dos oposicionistas é prejudicar o prefeito. ?O próximo ano é eleitoral, então eles querem bloquear as ações do prefeito para usar em seus discursos?, opinou.

Mesmo negando a ?operação tartaruga?, os oposicionistas resolveram discutir todos os projetos, atrasando ainda mais a finalização dos trabalhos. ?Passamos vários dias do ano votando nome de rua e títulos para cidadão honorário. Agora chega o final do ano e querem atropelar as votações, sem discussão nenhuma?, explicou o líder do bloco de oposição, Paulo Salamuni (PMDB). Segundo ele o artigo 7o do Regimento Interno prevê que as sessões devem se encerrar no dia 15 de dezembro. ?Como podem apresentar uma pauta destas na semana que antecede o recesso??, questionou.

?Nossa obrigação é discutir todos os projetos, e é isto que estamos fazendo. Mas os vereadores da situação nos criticam por isso, porque para eles é uma barbaridade discutir no parlamento?, ironizou Salamuni. ?A Prefeitura está novamente cometendo um erro gravíssimo, que é o de colocar projetos polêmicos, importantes e que envolvem verbas de grande valor em cima da hora. Não podemos votar por votar, temos que discutir com aprofundamento e reflexão?, defendeu André Passos (PT).

Entre os projetos mais polêmicos está o que prevê a permuta com o município do prédio da antiga estação de bonde, em frente à Câmara, pertencente à Companhia de Automóveis Slaviero, onde deverá ser construído o terminal central do eixo metropolitano de transporte, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A área, de cerca de 6 mil metros quadrados, é avaliada em R$ 4 milhões, e deve ser trocada por terrenos do município.

O projeto envolve um investimento de cerca de R$ 360 milhões e deve ligar os bairros da região sul da cidade (Vila Fany, Vila Hauer, Umbará e Caximba), com o centro da capital, através da PR-476. ?A Prefeitura está querendo que a Câmara vote a cereja do bolo, antes do bolo preparado. O eixo ainda não foi aprovado no Senado, não foi autorizado pelo Ministério dos Transportes e o financiamento ainda não está claro. Então, essa questão é posterior a todas essas decisões?, disse Passos.

De acordo com João Cláudio Derosso o Senado deverá votar a matéria ainda este ano. ?O vereador André Passos não entende de engenharia e economia. Primeiro o projeto tem que ser aprovado na Câmara, para depois ser encaminhado pronto ao Senado. É um pacote?, explicou.

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