A reunião do secretariado com o governador, ontem, teve momentos de tensão envolvendo o secretário de Comunicação Airton Pisseti e o assessor especial Benedito Pires. Pisseti fez um balanço da ação de sua pasta, destacando a meta de colaborar com os candidatos do PMDB nas eleições de 2004, e criticou os órgãos de comunicação paranaenses, em sua opinião de baixa qualidade, tanto TV quanto rádio e jornais. Para ele, os jornais têm pouca circulação e não cumprem sua missão de manter os leitores bem informados. Afirmou que um dos objetivos do governo atual é convencer os veículos de comunicação a praticarem os preços de mercado: “Isso reverte uma situação histórica da prática de duas tabelas de preços, uma para a iniciativa privada e outra com os preços majorados, para o governo”, disse.

O assessor Benedito Pires iniciou a exposição com um balanço da situação encontrada no começo do ano. Descreveu ações de reestruturação, com modernização da estrutura, compra de equipamentos e reorganização das equipes de rádio, TV e mídia impressa e seguiu na mesma linha de Pisseti, apontando decadência dos meios de comunicação no Estado, pressionados pela informação on-line e vítimas do que considera falta de competitividade e empenho em modernizar a produção do setor. Tanto ele como o secretário se referiram à dependência das televisões, rádios e jornais aos subsídios do governo e criticaram a parcialidade de noticiários.

Reação

O governador Roberto Requião (PMDB) reagiu duramente à proposta de Pisseti, de usar a estrutura da comunicação oficial para apoiar candidatos peemedebistas lembrando que isso configura crime eleitoral e seu governo jamais se prestará a tal papel. E passou a palavra ao presidente da Copel, Paulo Pimentel, que preferiu falar como empresário de comunicações. Para ele, secretário e assessor estão equivocados em relação à história do Paraná e na análise que fazem do índice de leitura de jornais no Estado, colonizado por paulistas, gaúchos, mineiros e imigrantes de várias partes do mundo e cuja identidade está ainda se definindo em meio a influências tão ricas e complexas. Afirmou que a produção local é de boa qualidade e que nunca houve subsídio aos meios de comunicação: “O que há é que os veículos de comunicação vendem serviços e o poder Executivo compra espaço na mídia, como qualquer outro cliente, Petrobrás, Correios e empresas privadas”

Sobre a tabela de preços, disse que ela pode parecer mais alta para o governo porque ele não paga em dia. Se pagasse, poderia ter acesso a descontos. E arrematou afirmando que talvez há um ano não usasse palavras tão incisivas para defender seu ponto de vista, mas que aprendeu a “ser brabo” ao longo de quase um ano de convivência com o governador Roberto Requião, famoso pela firmeza como se expressa e age quando em desacordo com as situações ou propostas apresentadas.

O governador retomou a palavra e elogiou a postura de Paulo Pimentel, afirmando que sua explanação repunha nos trilhos o quadro da comunicação no Estado. Porém não se furtou de reafirmar as críticas que vem fazendo à Rede Paranaense de Televisão, ao jornal Gazeta do Povo e ao seu proprietário, o empresário Francisco Cunha Pereira Filho.

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